Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Vitalidade à Democracia

Na actualidade, um dos temas em debate, é o aparecimento de partidos fundamentalistas e/ou reaccionários, é tema nas tertúlias e nos media, com a discussão ter maior ou menor profundidade em função dos interlocutores. No grupo de amigos, discute-se, mais do que a etiologia e a epistemologia, disserta-se principalmente no que leva as pessoas, no seu direito, a criar e aderir a estas organizações.

Estas discussões são de pouco suporte científico, não deixando de ser importantes, mas não é mais que isso, pois a comunidade cientifica, não proferiu, do meu conhecimento, nenhum estudo, onde consigamos tirar ilações/conclusões, do porquê das pessoas passarem a “simpatizar” e defender ideais tão radicais e/ou reaccionárias.

Aventa-se no caso dos jovens: injustiça e incompreensão da sociedade, falta de oportunidades de emprego e desconhecimento do que foi a vida de algumas pessoas em Países governados por déspotas, independentemente de serem de extrema-esquerda ou extrema-direita. Mas, o que pode servir para os jovens, não se coaduna com o posicionamento dos cidadãos mais velhos, estes vivenciaram: o Estado-novo, a queda do muro de Berlim, a guerra civil de Espanha, a 2ª guerra mundial, os relatos de governos autocráticos, na Europa, América do Sul e África, entre outros marcos históricos.

Dos últimos, podemos aceitar, que estão cansados das promessas e não acreditar na mudança de políticas pelos decisores políticos. Reparamos que o alheamento à causa pública, não para de aumentar, uma das consequências reflecte-se na abstenção. Acresce, sabermos que só temos dois partidos em condições de formar governo, pelo menos até à data, leva-nos a pensar que haja um pacto de não-agressão entre eles, agora vais para lá tu e depois vou eu, agora é para os filiados e família deste e depois é para o outro. Esta alternância entre dois partidos, não tem sido benéfica para a democracia e pode configura a negação desta.

Esta dicotomia partidária não é exclusiva de Portugal, em Países como o Reino Unido e EUA passa-se o mesmo, mas existe uma grande diferença no tempo da convivência com a democracia, enquanto nós temos quarenta e quatro anos de democracia, estes Países atingiram a maturação democrática faz muito tempo. Estará o problema português na maturidade politica?

Na verdade, ainda temos um longo caminho a trilhar, embora o nosso sistema político, tenha evoluído positivamente nalgumas matérias e principalmente nos últimos três, quatro anos. Hoje já não há intocáveis para a justiça, embora ainda haja poderosos, que conseguem ser uns marginais a coberto da lei. Os decisores são mais escrutinados a nível nacional, comparativamente ao nível local, por questões de subsidiodependência dos media, ainda temos “xerifes” que tentam controlar os órgãos de informação.

Em sentido diametralmente oposto caminha a qualidade dos nossos políticos, por várias razões, entre elas, podemos citar - o exercício da política não ser interessante economicamente (para alguns), o adverso reconhecimento social, associação depreciativa aos pares marginais, vida pessoal e familiar vilipendiada porque, ao ser-se político, é-se cognominado com adjectivos que manda a boa educação não os mencionar.

Na minha modesta opinião, os cidadãos não têm (têm através do voto, mas …) como mudar o sistema nem o estado de coisas que corroem a democracia e as instituições. O herói nacional, tem de encarnar numa personalidade com poder, onde seja reconhecida valores e uma vivência democrata, num patamar acima das politiquices e politiqueiros.

Com a autoridade necessária, temos a figura de um Primeiro-ministro, que pode implementar a reforma necessária influenciando a Assembleia da República. O Presidente da República, querendo, também pode exercer a sua Magistratura de Influência, provocar o debate, tentar compromissos e, porque não, pactos de regime.

Senhores políticos, ganhem coragem e ajudem-nos a dignificar a Vossa “profissão”, poderíamos começar por,

  1. Tolerância ZERO à corrupção;
  2. Tolerância ZERO à “CUNHA”;
  3. Tolerância ZERO na acção política – reposicioná-la “numa coisa nobre”;
  4. Tolerância ZERO no perpetuar de Mandatos da Assembleia da República (AR), Parlamento Europeu (sem “nós”), …;
  5. Tolerância ZERO aos enviesamentos do sistema eleitoral;

Os bons homens da política, não podem ser contaminados pelos maus políticos, os últimos não querem mudanças, a haver, o lugar “ao sol” destes ficava comprometido.

Baptista Jerónimo


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