Batista Jerónimo
Votar aos 16 anos?
Falar hoje, no século XXI de um jovem de dezasseis anos ou falar desse mesmo jovem antes do “Dr. Google” é estar a criar enviesamentos à discussão que é de ter, sem nos olvidarmos das outras condicionantes que, vão para lá do conhecimento. A curta vivência e a forma proteccionista por parte dos tutores entre outros, onde só o empirismo e as dificuldades da “calçada” os prepara para as adversidades e dá-lhes maturidade para as escolhas que têm que fazer. Atente-se que a maioria, nesta idade, não consegue escolher a área de estudos a prosseguir.
Dar capacidade de eleger aos 16 anos então, também podem ser eleitos para autarquias, deputados e até para 1.º Ministro, sim porque só para PR é que a idade mínima de trinta e cinco anos é obrigatória. Estes jovens emancipados, estarão capazes de assumir a responsabilidade? Decidir o seu futuro e regular o dos outros? Conduzir qualquer veículo? Constituir família? Assumir (modificar) a identidade de género? Frequentar todo e qualquer estabelecimento nocturno? O ensino obrigatório baixa para os 16 anos (11.o ano)?
O PSD ao ir a reboque do PAN (penso que foi o partido peregrino da proposta), ao quererem ser diferentes, inovar em causas, tudo para chamar a atenção e para o dinamismo falacioso, deixando por resolver os problemas imergentes e esquecer os identificados, tentando procurar ou levantar novos, para num oportunismo boçal capitalizar o voto, arvorando-se que se não fosse por sua iniciativa não tinham direito a voto. É assim quando de perde o sentido de Estado.
Pela irreverência dos jovens, uma das suas virtudes de ser jovem, pode-se estar a introduzir alterações na sociedade de conceito que dada a grandiosidade pode ter consequências incalculáveis e de não retrocesso.
Os jovens, na generalidade, estão mais disponíveis para alimentar os partidos populistas, contestatários, causas de minorias e fracturastes. Lembremo-nos que poucas revoluções se fizeram sem a participação dos jovens. Quanto temos de agradecer-lhes.
Quem pode sustentar a argumentação de que aproxima os jovens da política?
Esta capacidade para ser atribuída, só após criar no 10º ano uma cadeira de Iniciação à Política, onde se estude a Constituição da República, os vários partidos, a sua ideologia e o seu papel intransmissível na democracia. Também a ética, respeito pelos valores grupais e individuais, responsabilidade social, cidadania, e a indispensabilidade da política num Estado.
Assim, como as alternativas à democracia, os governos déspotas, o valor da autodeterminação dos povos, a liberdade de expressão a igualdade de oportunidades. Sem certezas, mas convicto que ajudava na formação de pensamento livre, a discussão e a promoção da dramatização sobre os estatutos dos vários partidos, a ficarem aptos na opção pela filiação ou simpatia partidária. Em suma os valores caros às democracias ocidentais como a liberdade, igualdade e solidariedade que nivelam os partidos para parecerem todos iguais e onde todos são diferentes.
Na verdade, não é nova nem pioneira a ideia de os jovens poderem votar aos dezasseis anos, países como a Alemanha, Suíça e EUA em alguns Estados já podem votar, noutros Países podem votar se casados ou com emprego, aqueles que só podem votar em algumas eleições como a Argentina, Áustria, Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Cuba, Equador, Escócia, Estónia, Grécia, Hungria, Malta, Nicarágua, País de Gales e dentro deste ainda temos um que tem limite de idade para votar, esta condicionante generalizada: é inconcebível.
Jovens a participar activamente nas decisões da sociedade são bem-vindos, com ponderação e formação, poderem até contribuir no combate à abstenção.
Baptista Jerónimo, 02/12/2022