Foi em maio de 2019 que António Rodrigues experimentou pela primeira vez um automóvel de competição. Quando colocou o “hans” e o apetou o capacete, não imaginava que começava uma carreira no desporto motorizado, e dois anos depois considerado um dos melhores pilotos do Campeonato Portugal de Montanha.
São inúmeros espectadores, aficionados do desporto automóvel, que se amontoam nas bermas e encostas das estradas sinuosas (a maioria regionais), com características peculiares, para assistir a dezenas de carros de competição, que sobem “desenfreadamente”, fazendo curva contracurva, onde a perícia e a técnica dos destemidos pilotos, “são a chave” para percorrer um traçado em menor tempo possível.
António Rodrigues, natural de Santa Marta de Penaguião (Vila Real), é um desses pilotos. Desde tenra idade manifestou um gosto especial pelo desporto automóvel, acompanhando de perto a Rampa da Santa de Marta e algumas provas que se realizam na região norte do país. Mais tarde começou a praticar karting, “fazia algumas provas com amigos, naqueles carros de aluguer e depois acabamos por conhecer a Epic Dren que faz umas provas e começamos a participar”.
Foi em 2019, que surge o convite da NJ Racing, para participar na Super Especial Sprint em Vila Real, ao volante de um Pegeout, sendo a primeira experiência com um automóvel de competição, “quando estamos em contato com um carro com mais potência, mais aceleração acabamos de ter a sensação de algo a mais que nunca tivemos, depois com o tempo habituamo-nos e acabamos de usufruir desta experiência”, afirma António Rodrigues.
Com um gosto especial pela velocidade e montanha, António Rodrigues aliou o gosto pessoal e participa pela primeira vez na Rampa de Santa Marta desta vez aos comandos de um Mitsubishi EVO 6, “correndo em casa, essa foi a minha primeira prova, que posso dizer que era dentro daquilo que procurava na velocidade, sendo uma prova que corro sozinho e que não temos ninguém que possa influenciar, achei que seria algo mais seguro para mim”. Os 300 cavalos do Mitsubishi EVO 6 aleados à perícia e determinação do piloto, levou a arrecadar o galardão Portugal Hill Climb Fans, “ter a oportunidade de experimentar um carro com 300 cavalos, com tração as quatro rodas, foi uma experiência muito agradável e depois receber um prémio”, recorda orgulhoso.
Ainda no ano de 2019, António Rodrigues é desafiado para por um amigo para experimentar um protótipo de competição, BRC CM 05 EVO, “fomos experimentar na Rampa de Boticas, esse ainda dá mais a sensação de que estamos num carro de corrida, para primeira vez correu bem fiz 7º lugar à geral e decidi fazer o campeonato de montanha em 2020 com ele”.
O 1º Campeonato
No ano em que António Rodrigues decide realizar todas as provas do Campeonato Portugal de Montanha, é surpreendido pela pandemia da Covid-19, logo após a prova inaugural na Rampa de Murça, “não consegui fazer as provas todas, este primeiro ano era uma tentativa disso de conhecer as pistas, ambientar-me ao carro, mas só acabamos por fazer 3 provas do campeonato devido à pandemia, foi muito pouco”.
Das três provas que realizou, eram novas para o piloto, que o obrigou a analisar cada traçado nos “on boards”. Na primeira prova que foi disputada na Rampa Porca de Murça, o piloto teve alguns problemas impedindo de fazer todas as subidas de treino, “acabei por ter mais dificuldade, já não conduzia o carro há mais de seis/sete meses, tive de me ambientar novamente ao carro, depois tive um problema na caixa, não consegui fazer as subidas todas, mas consegui tirar as medidas ao carro, acabei por ir fazendo alguns exageros para ver como se comportava e isso foi uma ajuda”, afirma.
Na segunda prova do campeonato que se realizou na Rampa da Serra da Estrela, o piloto possuía mais experiencia sendo valiosa para o bom resultado que alcançou, “já tinha mais alguma experiência, já conhecia melhor o carro e começou a correr bem, comecei a fazer tempos bastante bons tanto é que fiquei em 3º à geral e para o campeonato fiquei em 2º lugar. Pelo facto de ter conseguido um pódio à geral, foi aquela que me marcou mais”. A última prova do campeonato foi disputada na Rampa Pêquêpê Arrábida, o piloto manteve a estratégia, “foi continuar a perceber o traçado, ia decorando, tirando a perceção à pista e depois vendo onde é que poderia ganhar tempo e correu bem”, terminando a época como Vice-campeão nacional do Campeonato Portugal de Montanha e o primeiro da categoria.
Perspetivas para 2021
Focado no campeonato que corre e sempre com o objetivo de conseguir mais e melhores resultados, o piloto não coloca de lado novas experiência tal como fez em 2020, uma prova no Circuito do Estoril no Troféu Citroen C1, uma competição monomarca de endurance, “este ano fizemos uma prova do Trofeu Citroen C1 no Estoril, fizemos uma equipa com os pilotos de montanha”, apesar de não ser um campeonato que o piloto neste momento não quer correr, mas não coloca de parte, “neste momento não, mas se houver uma oportunidade de o fazer ou de correr no circuito de Vila Real não descarto a ideia”, afirma.
Atualmente a Federação Portuguesa de Automobilismo (FPAK), já disponibilizou as datas para as sete provas que compõem o Campeonato Portugal de Montanha. Com início em março na Rampa Porca de Murça, seguido da Arrábida, passando pela Serra de Estrela, Penha, Santa Marta, Caramulo e para finalizar Boticas. Se não houver alterações por parte da DGS, o piloto pretende manter o mesmo carro e marcar presença em todas as provas, “vou manter-me na mesma categoria B, se conseguirmos um patrocínio melhor que nós conseguíssemos chegar mais à frente tinha de ser outro protótipo da categoria A, assim vamos conseguir manter este carro”, deseja ainda que o campeonato tenha a afluência que teve no início do ano transato, “campeonato começou muito bem tivemos uma afluência com mais de cinco dezenas de carros e depois com a pandemia diminuiu para duas dezenas, o Campeonato Portugal e Montanha tem muito para dar”.
Por detrás de todo o ambiente de corridas e competição é no refúgio do seu lar, que o piloto consegue encontrar o apoio principal para competir, “o apoio familiar ajudam sempre, elas ajudam sempre, a minha mulher ainda faz muito trabalho de casa”. Sendo um desporto muito dispendioso o piloto conta ainda com apoio de algumas empresas.
Entrevista e foto capa de Bruno Taveira
As fotos em corrida fornecidas pelo piloto