FACTOS
Entrevistada: Rita Redshoes
Data de nascimento: 10 Julho 1981
Naturalidade: Lisboa
Signo: Caranguejo
Cor preferida: Lilás
Uma Música: Nature Boy
Um álbum: To Bring You My Love
Uma Banda Sonora: África Minha
Um (a) intérprete/ cantor(a)/ artista nacional: António Variações
Um (a) intérprete/ cantor(a)/ artista internacional: PJ Harvey
Uma Série televisiva: Poirot
Um Desporto: Futebol
Um Filme: África Minha
Um livro: A última escala do Tramp Steamer (Álvaro Mutis)
Um país: Portugal
Um concerto: Patti Smith
Um instrumento: Piano
Um estilo musical: Quase todos
Uma inspiração: Vida
Um sonho: Viver no campo
ENTREVISTA
Entrevista, em exclusivo, de Rita Redshoes ao Diário de Trás-os-Montes no dia que antecede o concerto em Vila Real, a 23 de dezembro, e que integra a digressão do seu quarto e último álbum no feminino, “Her”.
Diário de Trás-os-Montes (DTM): Como é que surgiu a ideia do nome Rita Redshoes?
Rita Redshoes (RR): Inesperadamente, numa manhã, depois de muitos dias à procura de um nome, o Redshoes apareceu. Creio que teve que ver com a quantidade de contos infantis que li onde apareciam sapatos vermelhos com poderes mágicos e a associação a filmes como “O Feiticeiro de Oz”, de que gosto muito, e a canções como o “Let’s Dance” de David Bowie. Todos estes universos fazem parte da minha personalidade.
DTM: Tens um novo álbum, o quarto, intitulado “Her”. Descreve-nos este teu mais recente trabalho?
RR: É um álbum com algumas novidades e, ao mesmo tempo, é um balanço dos meus discos anteriores. Canto pela primeira vez três temas em português, o disco foi gravado em Berlim com músicos norte-americanos e com o produtor Victor Van Vugt. No final, tratou-se de procurar uma sonoridade clássica, com canções onde a melodia é o que mais importa em conjunto com as palavras. É também um disco de homenagem ao feminino.
DTM: Em que difere dos outros três? Consideras que tenha havido uma espécie de evolução enquanto artista ao nível da música que escreves e interpretas?
RR: Eu acredito que sim, de disco para disco com a experiência e vivências há uma transformação pessoal e profissional. Isso passa certamente para a música que escrevo e a forma como a interpreto. Sinto este disco mais maduro e mais certeiro e, claro, relativamente àquilo que queria dizer e fazer.
DTM: Decidiste gravar na Alemanha por algum motivo em particular?
RR: Apenas por uma questão de facilidade logística, já que o produtor e os músicos vivem lá.
DTM: Neste teu último álbum que saiu este ano contaste com colaborações de grandes músicos internacionais como Knox Chandler, Earl Harvin e Greg Cohen. Como é que foi a experiência de estares a trabalhar lado a lado com músicos internacionais de topo e sentes, também, que deram um importante contributo à tua música nesta fase da tua carreira?
RR: Foi uma ótima experiência. Aprendi coisas importantes, precisamente pela experiência que estes músicos têm, de uma forma natural e até subtil. Senti que respeitaram e se entregaram à minha música e ao disco de uma forma genuína e emotiva e para mim isso é o mais importante.
DTM: Pela primeira vez escreveste e interpretaste três temas em português como tu própria já referiste. Quais são as diferenças entre cantar em português e inglês?
RR: São línguas distintas na sua sonoridade. O português, sem dúvida, mais fechado e complexo, mas as canções surgiram naturalmente e eu, depois de algum trabalho, encontrei a minha própria forma de cantar na nossa língua mãe. Foi um processo desafiante, mas que, simultaneamente, me deu muito prazer.
DTM: E será algo que irás repetir nos teus próximos trabalhos ou, pelo menos, estás aberta a essa possibilidade?
RR: Sim, creio que é uma realidade que passará a estar sempre presente no meu futuro.
DTM: Tocas vários instrumentos no álbum “Her” como piano, guitarra acústica e teclado, só para nomear alguns. Mas qual é o teu instrumento predileto? E não me refiro só a este teu último trabalho…
RR: Acho que será sempre o piano.
DTM: Esta digressão começou a 19 de novembro em Aveiro e estende-se até setembro de 2017. Já tiveste três concertos, como é que está a correr até agora?
RR: Os concertos correram muito bem. Tenho uma formação diferente em palco com bateria, baixo e um quarteto de cordas e eu asseguro os pianos e guitarras. Adoro a sonoridade das cordas, portanto, para mim, é um sonho realizado. E o feedback que temos tido do público é muito emocionante e forte.
DTM: O quarto concerto é já no dia 23 em Vila Real. Quais é que são as tuas expectativas para este espetáculo que será o único desta digressão a acontecer em terras transmontanas?
RR: Eu gosto muito de Vila Real e tenho muito boas memórias de outros concertos que aí dei. Portanto, as expectativas são altas! Ainda por cima, próximo do Natal, o que torna tudo tão mais especial.
DTM: Irás tocar somente temas do teu novo disco ou também interpretarás músicas de outros álbuns?
RR: Será um concerto para apresentar o disco novo, mas claro que irei aos discos anteriores com esta novidade de vestir as canções antigas com este formato em palco.
DTM: O público tem acolhido bem este teu último trabalho? Qual é que tem sido a tua perceção?
RR: Tem, recebo diariamente e-mails ou mensagens de pessoas que me dizem que gostam muito do disco e quais as canções preferidas. Dizem, sobretudo, que as emociona e, para mim, esse é o melhor elogio de todos.
DTM: Qual é o balanço que fazes em nove anos de carreira?
RR: Sinto que sou uma sortuda por poder fazer a música que gosto e ter pessoas que estão disponíveis para a partilhar comigo. Isso é o essencial para sentir que o meu “dever” está a ser cumprido nesta vida.
DTM: Para terminar, como é que vês a música em Portugal? É difícil ser-se artista neste país?
RR: Ser-se artista é difícil em qualquer país. Em Portugal, por ser um país mais pequeno e com pouca tradição em apoiar a arte e os seus artistas às vezes torna-se ainda mais duro. Mas, sinceramente, sinto que essa forma de estar está a mudar e que há cada vez mais um orgulho naquilo que criamos, bem como a preocupação de preservar e promover a nossa criatividade cá dentro e fora de portas.