A região transmontana produz anualmente cerca de 100 milhões de toneladas de azeite sendo que um projecto-piloto de âmbito europeu pretende transformar o valor idêntico de resíduos que gera numa mais-valia económica e ambiental.
O projecto OiLCA é apresentado amanhã em Mirandela e tem como finalidade calcular, nos próximos dois anos, a pegada de carbono do sector e encontrar métodos de reduzir os impactos ambientais, segundo disse hoje à Lusa o presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD).
De acordo com António Branco, a associação é uma das parceiras do projecto que será desenvolvido em Trás- os-Montes e Alto Douro, uma das principais produtoras nacionais, mas que tem como propósito ser alargado, no futuro, ao resto do país.
Segundo explicou, o projecto OiLCA envolve cinco parceiros portugueses, espanhóis e franceses e em cada um dos países será desenvolvida uma experiência piloto idêntica à transmontana.
O trabalho começará por um levantamento de todo o sistema de produção e da quantidade de resíduos produzidos nos 124 lagares transmontanos.
\"Em função dessa avaliação, vamos calcular a pegada de carbono e procurar metodologias para compensar (os impactes ambientais)\", disse o presidente da AOTAD.
Segundo António Branco, a ideia é transformar aquilo que agora são \"resíduos num subproduto, valorizando-os, e contribuir para diminuir a pegada de carbono do sector e eventualmente até adquirir créditos de carbono através desta actividade\".
O projecto irá dar uma ideia concreta da realidade do sector, mas o representante dos olivicultores estima que sejam produzidos anualmente 100 milhões de toneladas de resíduos entre bagaços, águas e folhas.
\"O azeite que extraímos (da azeitona) corresponde apenas a 20%, 80% são bagaços e água a que podemos juntar também a folha (da oliveira que vai junto com a azeitona)\", enfatizou.
Embora existam já alguns exemplos de tratamento e aproveitamento, muitos destes resíduos vão actualmente para aterro e o projecto pretende dar-lhes outro destino, assim como tornar este sector \"verde\".
António Branco realçou que um dos objectivos é precisamente \"criar uma marca\" associada a boas práticas ambientais, e uma imagem \"100% verde\" para os lagares que já foram, em tempos, origem de poluição ambiental.
No projecto estão envolvidos centros e universidades dos países parceiros, nomeadamente o Centro para a Valorização de Resíduos da Universidade do Minho.