O Ministério da Agricultura garantiu nesta sexta-feira estar a acompanhar a situação da Casa do Douro e que tem em análise, neste momento, qual a \"melhor solução\" a apresentar para a regularização da dívida da instituição ao Estado.
O Governo PS apresentou um acordo, em que propunha a entrega dos vinhos empenhados da Casa do Douro (CD) ao Estado para a regularização da sua dívida (110 milhões de euros) e um adiantamento de 1,3 milhões de euros ao organismo duriense para apoiar no pagamento dos ordenados em atraso.
O acordo nunca foi aprovado pelo Conselho Regional de Vitivinicultores da instituição representativa da lavoura duriense. As negociações foram entretanto suspensas por causa das eleições de 5 de Junho.
Enquanto isso, alguns dos funcionários do quadro privado da instituição já contabilizam 18 meses de salários em atraso.
Numa nota enviada à Agência Lusa, o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território afirmou que a \"situação actual da CD está a ser acompanhada de perto\" pela ministra, Assunção Cristas, e pelo secretário das Florestas e Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, \"estando neste momento em análise qual a melhor solução a apresentar à CD\".
\"Tendo presente a problemática desta instituição, cabe agora ao actual executivo o recurso a políticas que promovam, estimulem e devolvam esperança à actividade dos vitivinicultores nesta mesma região\", refere ainda o documento.
Nos últimos anos, a CD acumulou uma dívida que ascende aos 100 milhões de euros, ao mesmo tempo que assistiu à retirada de competências e de fontes de rendimentos, desde a intervenção na comercialização de vinho ao cadastro.
Dentro da instituição, cerca de 20 funcionários do quadro privado não recebem salário há 18 meses, enquanto outros vão recebendo \"alguns pagamentos\" e ainda há os que pedem a suspensão do contrato de trabalho por alguns meses para receberam \"65% por parte da Segurança Social\".
No mesmo edifício, trabalham cerca de 40 funcionários afectos à Função Pública que possuem os ordenados em dia.
A direcção da CD recusou assinar o acordo proposto há mais de um ano pelo Governo PS alegando que este significaria o fim da instituição.
O presidente do organismo, Manuel António Santos, afirmou que \"não houve possibilidade de acordar fosse o que fosse\", até porque \"não foram cumpridos princípios\" acordados em 1997 com um governo socialista.
«Como é que pode, vinho que valia 100 passar a valer 50», sustentou.