Uma juíza actualmente a exercer funções no Tribunal de Chaves foi uma das vítimas da mulher de 41 anos que conseguiu, durante anos, fazer-se passar por magistrada para assim conseguir cobrar a pessoas e empresas avultadas quantias a título de dívidas que afinal não existiam. A suspeita, conforme o JN ontem noticiou, foi agora acusada pelo Ministério Público do Porto por autoria de mais 181 crimes de burla qualificada.
De acordo com a acusação, o caso em que a identidade da juíza Ascenção Abrantes foi abusivamente utilizada teve a ver com um processo específico que corria no Tribunal de Chaves entre duas empresas.
A 23 de Fevereiro de 2005, a falsa juíza resolveu contactar a legal representante de uma das empresas indicando o nome da magistrada que trabalha no tribunal e dizendo que, por causa daquele processo, teria de pagar 1800 euros a um solicitador de nome Jorge Bravo. Para esse efeito, deu um número de identificação bancária de uma conta da Caixa Geral de Depósitos. Inicialmente, a pessoa contactada terá inicialmente dado credibilidade à história que lhe foi contada, uma vez que estavam afixados no tribunal editais para a venda de bens.
A vítima só se apercebeu da engano em que iria cair e suspender o depósito dos 1800 euros quando se deslocou ao Tribunal de Chaves a fim de averiguar a situação. Apesar de ainda hoje existir uma juíza com aquele nome, nunca o tribunal lhe fez a exigência daquele dinheiro.
Concluído o inquérito, o Departamento de Investigação e Acção Penal do Ministério Público do Porto deverá agora notificar a juíza Ascenção Abrantes a fim de, se assim entender, se constituir assistente no processo e auxiliar a acusação.
Das situações investigadas, esta terá sido a única em que a falsa juíza utilizou o nome de alguém que realmente existe. Na maior parte dos casos, os nomes são fictícios.