Gilberto Rodrigues emigrou para França em 1969, com os seus pais, com apenas sete anos. Foi já em Paris que prosseguiu os seus estudos até ao 7º ano de escolaridade. Em 1975 voltou para Portugal novamente com os pais e frequentou o seminário durante um ano.
Mais tarde, retomou os estudos na escola de Vinhais, depois de entrar para o ciclo em Vinhais, mas só durante meio ano. «Decidi voltar para França. Primeiro porque fui lá criado, e depois era lá que estavam os meus irmãos que entretanto já tinham casado e os meus amigos também. Os meus pais ficaram cá de vez e eu e os meus irmãos lá», explicou o empresário.
Chegado à Cidade Luz, começa a trabalhar por conta de outrem como taxista durante seis meses, condição obrigatória para poder estabelecer-se por conta própria. «Há 20 anos que já me estabeleci por conta própria e tenho um protocolo com um grupo europeu. Como tal só transportamos clientela VIP, nomeadamente banqueiros, gente da televisão e famosos em geral, o que é bom porque o preço cobrado não é obviamente o mesmo», afiança o proprietário.
«Voltar de vez é claro que voltarei, mas somente quando for para estar cá sem fazer nada«
O empresário, que visita Portugal pelo Natal, Páscoa e férias de Verão trabalha quase onze horas diárias. «Um patrão não tem horas nem para entrar nem para sair, não é em casa que se ganha o dinheiro, agora claro que há dias que trabalhamos mais que outros», reconhece Gilberto Rodrigues.
O empresário não afasta a hipótese de voltar de vez a Portugal mas só com algumas condições. «Voltar de vez, é claro que voltarei, mas somente quando for para estar cá sem fazer nada. Trabalhar cá é que não. Se me dessem aqui as condições que me dão lá, estava cá com certeza, mas da maneira que isto está não seria prudente arriscar. E depois em Paris há um sentimento muito grande de segurança entre os taxistas, não se ouvem as histórias de violência que se ouve cá», equaciona Gilberto Rodrigues.
Baseado na sua experiência, o empresário desmistifica a ideia que os franceses sejam antipáticos. «Pelo contrário, os franceses são reservados, mas simpáticos. Aqui só anda de táxi quem necessita mesmo ou quem tem um determinado estatuto, porque uma corrida ainda é cara, mas em Paris toda a gente anda de táxi, primeiro porque não é caro e em segundo porque não estão habituados a andar de transportes públicos. Então começa a gerar-se um sentimento de respeito mútuo entre nós e vamos conversando sobre banalidades. Por isso não posso dizer que sejam antipáticos», afirmou o empresário.