Trinta profissionais do oculto mostraram, as artes do tarot, cartomancia e astrologia no Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes, em Montalegre, organizado pelo padre António Fontes, conhecido por «Dom Bruxo».

Durante quatro dias, a aldeia de Trás-os-Montes transforma-se na «capital do misticismo», com a presença de videntes, médiuns, astrólogos, ervanárias, endireitas, bruxos e tarólogos, para discutir os problemas que inquietam os portugueses.

O evento oferecerá ainda aos visitantes massagens, ervas para os males do corpo e da alma, licores afrodisíacos, fotografias da aura e sessões de hipnose regressiva.

Além disso, um misto de investigadores, médicos, especialistas de medicinas alternativas e doenças da mente e do espírito debatem temas como o exorcismo, dietas, medicina tradicional chinesa, técnicas de massagens e poder curativo das plantas.

Na abertura do evento, este ano a celebrar a sua 26ª edição, o padre António Fontes relembrou que o sucesso do congresso está no ditado popular «o fruto proibido é o mais apetecido».

E, acredita o pároco, é no facto de abordar temas relacionados com o oculto e o místico, condenáveis pela igreja, ciência e poder, que o congresso resiste há 26 anos nos mesmos moldes.

«As ciências ocultas e o desconhecido atraem gente», frisou.

O «pai e alma» do congresso referiu ainda que a distinção entre a verdade e a mentira deverá ser feita pelos visitantes pois, disse, há «muitos vendedores» de falsas soluções.

A biografia do mentor do projecto, escrita por João Sanches, psicólogo e docente universitário, vai ser lançada no sábado e revela o cepticismo do padre Fontes quanto às aparições em Fátima.

Em declarações à Lusa, o sacerdote frisou que a igreja não obriga ninguém a acreditar nas visões de quem quer que seja.

«Depois da Bíblia só acredita no resto quem quer. A Bíblia é o sumo de toda a verdade e na qual devemos acreditar», disse.

O sacerdote explica que não acredita nas visões de ninguém, apesar de as compreender, porque para se ser cristão não é necessário crer nas aparições.

O vereador da Cultura da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, reafirmou que a vulgarização e descredibilização do congresso poderiam ser evitadas se se realizasse de dois em dois anos e com um novo modelo.

Mas, afirmou, essa alteração tem de ser feita pelo mentor do projecto.

A 26ª edição do Congresso de Medicina Popular, que encerra domingo, trouxe «a reboque» a criação de restaurantes, hospedarias, padarias e produtores de licores, chás e compotas na aldeia.



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