São principalmente mulheres as queixosas que recorreram em 2004 à Associação de Apoio à Vítima de Vila Real. Maus-tratos e violência doméstica estão na origem das queixas que se cruzam com muitos outros factores. Um número idêntico ao verificado em 2003.
Trezentas pessoas, principalmente mulheres, recorreram no ano passado à Associação de Apoio à Vítima (APAV) de Vila Real queixando-se de situações de maus-tratos e violência doméstica. Elisa Brites, gestora da APAV de Vila Real, disse ontem à Agência Lusa que ao longo do ano de 2004, foram registados no distrito 300 casos de vítima, um número idêntico ao verificado em 2003. Segundo a responsável, as vítimas são maioritariamente mulheres, que representam 79,6 por cento dos casos, e dez por cento são crianças. A nível etário, a maior parte das vítimas femininas tem idades compreendidas entre os 25 e os 45 anos.
As mulheres agredidas possuem, na sua maior parte, baixos rendimentos económicos e têm filhos menores a seu cargo, registando-se muito alcoolismo entre agressores, que normalmente são os maridos ou companheiros.
Segundo Elisa Brites, os casos de maus-tratos são na sua maioria concretizados por parte do cÎnjuge ou companheiro da vítima, sendo de menor número as agressões que têm como autores os filhos. Entre os tipos de crime domésticos, verificaram-se ainda casos de difamação e injúria, violação de obrigação de alimentos e abusos sexuais.
A APAV acolhe vítimas de quase todos os concelhos do distrito, principalmente de Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Alijó e Peso da Régua. Os maus-tratos e a violência doméstica foram precisamente os temas que estiveram em debate num seminário que decorreu ontem, em Murça, promovido pelo Sindicato Nacional dos
Profissionais de Murça
Educação e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) deste concelho.
José Maria da Costa, presidente da CPCJ de Murça, que falava à margem deste seminário, referiu que, em 2004, foram atendidos 19 jovens nesta comissão, a maior parte dos quais viviam numa situação de negligência parental. Frisou que esta comissão tem a principal preocupação de prevenir ou pÎr termo a situações susceptíveis de afectar
a segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento dos menores.
Segundo o responsável, dos jovens atendidos no ano passado, apenas um foi retirado do seio familiar, pois, sempre que possível, tenta-se manter a criança junto a sua
família. José Maria da Costa referiu que a maior parte dos casos são referentes a crianças que vivem em famílias com baixos recursos económicos, sendo de salientar ainda o número crescente de desempregados nesta região. No final do segundo trimestre de 2004, encontravam-se registadas 11.716 pessoas nos centros de emprego pertencentes ao distrito de Vila Real, designadamente o de Vila Real, Chaves e Basto, o que representa um crescimento de 7,26 por cento face ao mesmo período do ano anterior.
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Os dados
E as colocações
Segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, dos inscritos, 62,54 por cento são do sexo feminino e é o grupo etário entre os 25 e os 49 anos que tem mais representatividade no total do desemprego registado, atingindo os 61,28 por cento dos desempregados. Quanto ao grau de ensino, verificava-se que os desempregados com o primeiro ciclo têm um peso mais significativo, atingindo uma percentagem de 43,7 por cento do total de inscritos. No distrito de Vila Real, no final do segundo trimestre de 2004, o número de ofertas de emprego ascendia às 625, tendo-se registado 275 colocações, o que equivale a uma taxa de colocação de 2,3 por cento.