Empresário português fez um levantamento detalhado dos portugueses que emigraram para as diversas partes do mundo

O total de portugueses e luso-descendentes até à terceira geração soma cerca de 31,19 milhões no estrangeiro e Portugal teria actualmente mais de 40 milhões de habitantes, não fosse a emigração, segundo um estudo.

A conclusão é resultado de um detalhado estudo realizado pelo empresário português Adriano Albino, 78 anos, através de um levantamento de portugueses que emigraram para diversas partes do mundo, entre 1951 e 1965.

«Foi um período de grande emigração portuguesa para o mundo, depois da abertura do país, com o fim da II Guerra Mundial», disse o empresário.

«Durante a guerra, Portugal estava fechado, como uma barragem cheia que se partiu, com uma grande debandada de portugueses à procura de um futuro melhor», disse.

Estatísticas oficiais indicam que 4,53 milhões de portugueses emigraram nesse período, sendo 1,2 milhões para o Brasil, nomeadamente para os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

O estudo «Emigração: A diáspora dos portugueses», publicado recentemente no Brasil, partiu dos 4,53 milhões de emigrantes originais das estatísticas oficiais e calculou um coeficiente multiplicador dessas famílias que chegaram às diferentes regiões do mundo.

No Brasil, depois de realizar uma investigação de campo, através de entrevistas e recolha de dados de centenas de emigrantes, o empresário considerou que o factor multiplicador seria nove, o que totaliza 10,8 milhões de portugueses e luso-descendentes.

Com base na mesma metodologia, o estudo indica que existem 9,31 milhões de portugueses e luso-descendentes nos Estados Unidos e Canadá, 3,19 milhões em África, 154.800 na Ásia, 7,54 milhões na Europa e 193.360 na Oceania.

O estudo levou em consideração o nome do emigrante, estado civil, data de chegada, cidade de origem, número de filhos, netos e bisnetos, de cada uma dessas regiões do mundo.

«Isso foi resultado de muita investigação, de muita convivência com a comunidade portuguesa. Caso não houvesse essa diáspora, Portugal teria mais de 40 milhões de habitantes», sublinhou.

Conhecido empresário da comunidade portuguesa, Adriano Albino, natural de Grijó de Parada, em Bragança, emigrou para o Brasil em 1951, então com 18 anos.

Logo começou a actuar no sector de turismo, onde foi responsável pela orientação e acompanhamento dos emigrantes portugueses que escolheram o Brasil.

«Fiz disto uma empresa, entre 60 a 70% dos portugueses que emigraram para o Brasil passaram pela minha orientação», disse.

Adriano Albino concedeu «milhares de cartas de chamada», uma exigência na época para a aceitação de um emigrante por parte das autoridades brasileiras.

Motivado pelo trabalho, fez muitas viagens a Portugal e aproveitou para recolher dados sobre a emigração portuguesa, nomeadamente das regiões rurais do país.

Durante quase meio século, o empresário realizou mais de 3.000 programas semanais de rádio dirigidos à comunidade luso-brasileira, em diversas emissoras de São Paulo.

Em 1997, publicou o «Roteiro da Saudade», um guia com um livro, CD e 10 cassetes em áudio, com 112 roteiros sobre Portugal continental, Madeira e Açores.



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