Bragança vai deixar de ser o único distrito sem auto-estrada com a construção da A4, que ligará aquela cidade a Vila Real. A ausência da via tem sido apresentada com a explicação para o subdesenvolvimento do Nordeste.

José Sócrates saldou ontem uma dívida com mais de 65 anos, do país para com os transmontanos, ao adjudicar a concessão da auto-estrada transmontana (A4), que ele baptizou de estrada da \"justiça\", entre Vila Real e Bragança, \"a zona mais atrasada\", no que diz respeito à execução do Plano Rodoviário Nacional, acrescentou o ministro das Obras Públicas, Mário Lino.

Trata-se de um investimento que tem \"um significado nacional\", disse o chefe do Governo, porque é uma \"resposta à crise\" através do investimento público, ao dinamizar a economia. Uma obra que será construída \"contra ventos e marés\", garantiu Sócrates.

Em tempos de poupança, o investimento inicial a realizar pelo adjudicatário será inferior ao anunciado no processo concursal, 440 milhões de euros, mas que no total representará 800 milhões de euros. \"Isto obriga à mobilização de recursos de vária ordem\", justificou Pedro Almeida, da Soares da Costa, a adjudicatária da obra, nomeadamente o recurso a empréstimos bancários nacionais e internacionais.

Prometido ficou ainda, pelo próprio Sócrates, que a via será construída rapidamente, \"porque temos pressa\", admitiu, \"a partir de Março já haverá obra física\".

Dentro de dois anos Bragança vai deixar de ser único distrito sem um quilómetro de auto-estrada, com a abertura ao tráfego dos primeiro três troços da futura A4, nomeadamente o troço de Bragança, o troço de Macedo de Cavaleiros e o troço Vila-Real - Sabrosa (ver infografia). O resto da concessão estará concluído oito meses depois.

Após uma \"análise robusta\", frisou Sócrates, concluiu-se que a A4 tem uma relação custo-benefício positivo, porque trará qualidade de vida e reduzirá a sinistralidade rodoviária, prevendo-se a redução de 19 mortes por ano no IP4. Nos últimos anos a sinistralidade no IP4 foi em média 22 mortos por ano, só em 2002 morreram 41. Quem mais tem lutado contra as mortes naquela via não foi convidado para a festa, queixou-se Luís Bastos, presidente da Associação de Utilizadores do IP4.

Com a construção da A4 prevê-se um benefício económico de 1138 milhões de euros, o que perfaz um saldo positivo de 554 milhões de euros, a criação de mais nove mil empregos, mais de três mil durante a construção da infra-estrutura.

Autarcas e empresários consideram que com a A4 os transmontanos terão as \"mesmas oportunidades\" do resto do país, \"depois é preciso rentabilizar os meios nos concelhos\", afirmou o autarca de Mirandela, José Silvano.

Os ganhos de tempo serão significativos. Mais de 70 mil habitantes vão ficar a menos de uma hora de Bragança e mais de 1,2 milhões ficarão a menos de uma hora de Vila Real. Argumentos usados por Sócrates para abonar a construção da via, que tornará Portugal num país \"mais democrático\".

De falta de democracia queixam-se os empresários de Vimioso, que aproveitaram para lembrar que há 13 anos esperam pela construção da entrada Outeiro-Vimioso, cujo projecto foi interrompido devido à suspeita de existência de uma colónia de ratos Cabrera na zona.



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