Os partidos políticos representados na assembleia municipal de Mirandela decidiram hoje por unanimidade promover uma marcha lenta no IP4 contra o encerramento da maternidade local.

O protesto foi concertado numa reunião promovida pelo presidente daquele órgão autárquico, o social-democrata Manuel Pavão, em que estiveram presentes representantes do PSD, PS, CDU e CDS-PP, além do presidente da Câmara, José Silvano (PSD).

Segundo disse à Lusa o autarca, o protesto terá lugar no dia 5 de Setembro, pelas 18:00, entre os dois nós do IP4, a principal via da região, junto à cidade.
A ideia, segundo ainda o autarca, é «os automóveis entrarem no primeiro nó e darem a volta, entrando novamente na cidade, no segundo nó, e formando uma espécie de círculo, que se manterá em movimento, bloqueando a circulação» no itinerário que liga o Porto, à fronteira, em Bragança.

Esta marcha lenta será seguida, pelas 21:30, de uma sessão extraordinária da assembleia municipal, no anfiteatro ao ar livre do Parque do Império, junto ao rio Tua, aberta a toda a população, «para que as pessoas e os partidos possam dar contributos para novas formas de luta».

O presidente da Câmara, José Silvano, avançou ainda ter estado, também hoje, reunido com um grupo de profissionais do hospital de Mirandela, onde funciona a maternidade, que «estão a preparar, com os sindicatos, uma greve geral de médicos, enfermeiros e outros funcionários».

Segundo disse, a marcação da data deste protesto, que deverá confinar-se a «uma ou duas horas», está dependente dos prazos legais, nomeadamente de pré-aviso.
As forças políticas locais acreditam que «o Governo ainda pode alterar a decisão de encerrar a maternidade de Mirandela», que consideram «política e não técnica», por se tratar da sala de partos do distrito de Bragança com maior número de nascimentos e mais central geograficamente.

A data oficial do encerramento ainda não foi anunciada, mas o presidente da Câmara receia que seja antecipada para meados de Setembro, quando inicialmente tinha sido apontada para o final do ano pelo ministro da Saúde.
Numa entrevista de Verão, publicada a 6 de Agosto no Jornal de Notícias, Correia de Campos afirmou «Mirandela é a que tem menos equipa.
Está assente que vai fechar no final do ano», avançando desta forma uma decisão aguardada há meses no Nordeste Transmontano sobre qual das duas maternidades iria encerrar, a de Bragança ou a de Mirandela.

Questionado sobre o assunto hoje, durante uma visita a Gaia, o ministro não confirmou a decisão anunciada na entrevista e disse apenas que deverá assinar na próxima semana o despacho relativamente ao encerramento de uma das maternidades, não especificando qual.
O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Nordeste, Henrique Capelas, já confirmou, entretanto publicamente ter enviado ao Ministério a Saúde um relatório que aponta para o encerramento da sala de partos de Mirandela.

Nenhum dos responsáveis pelo processo confirmou ainda qualquer data para o encerramento da maternidade que serve a maior parte da população do distrito de Bragança, abrangendo sete dos doze concelhos.
As grávidas da área de influência desta maternidade continuarão a ser acompanhadas em Mirandela, mesmo depois do encerramento, tendo que optar por outra maternidade para terem os filhos, que poderá ser Bragança ou Vila Real.

O presidente da Câmara de Mirandela afirmou à Lusa, que, a partir de 01 de Setembro terá pronta uma providência cautelar para ser apresentada no tribunal administrativo a pedir a suspensão da decisão do encerramento da maternidade.

Silvano disse que aguarda apenas a oficialização da decisão e reiterou acreditar que a mesma será revogada pelo tribunal por ter argumentos «técnicos e objectivos».



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