Segundo Sérgio Baptista, dirigente da Associação Inter-Profissional de Azeite de Trás-os-Montes e Alto Douro (AIATAD), esta é a forma encontrada pelos pequenos produtores para combater a concorrência dos fabricantes de azeite não certificado. Isto porque alguns dos olivicultores de menor dimensão não conseguem escoar a sua produção de foram a obter um rendimento proporcional à qualidade do azeite virgem produzido ou da azeitona colhida. Por isso, acabam, muitas vezes, por vender azeite virgem nas suas próprias casas, a um preço inferior ao do mercado, ou por verem as suas colheitas saírem da região para enriquecer azeites com rótulo e garrafa de outras zonas do país.
O facto de algum do azeite produzido na região do Nordeste Transmontano e Alto Douro ter Denominação de Origem Protegida (DOP) desde 1994, faz disparar os custos do produto. O preço leva o azeite certificado a ficar de fora das bolsas menos recheadas, o que dificulta o escoamento das azeitonas dos pequenos produtores.
A DOP foi atribuída ao azeite produzido nos concelhos de Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Vila Flor, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Vila Nova de Foz CÎa e em algumas freguesias dos concelhos de Mogadouro, Torre de Moncorvo, Murça, Valpaços, Vimioso e Bragança, por serem reconhecidas qualidades únicas ao Azeite Virgem produzido nesta região.
A entidade gestora desta DOP é a Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), estando a certificação e controlo a cargo da AITAD. Compete a este organismo a certificação do embalador, que após o reconhecimento pode colocar no mercado azeite virgem com a designação de DOP de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Quando esta designação foi atribuída ao azeite transmontano existiam dois embaladores. Actualmente, há 12 entidades que usam aquele rótulo, sendo quatro particulares e as restantes de associações de olivicultores ou cooperativas.
Trás-os-Montes e Alto Douro possui uma área de olival de 75 mil hectares, existindo cerca de 40 mil olivicultores. A seguir à vinha é o sector agrícola de maior impacto económico na região.

90 mil hectolitros de azeite em 2002

Ao contrário do que aconteceu na campanha 2000/2001, quando as más condições climatéricas arrasaram hectares e hectares de olival, espera-se uma produção de azeite de 90 mil hectolitros em Trás-os-Montes e Alto Douro. Estas são as previsões da Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM), que apontam para o aumento de produção em relação ao ano anterior.
Quanto à qualidade, os agricultores que fizeram a apanha mais cedo, estão a produzir azeites com valores de acidez que oscilam entre que 0,2 e os 0,4 graus.
No entanto, a falta de mão-de-obra necessária para a apanha com que se debate o sector levou ao aparecimento de pequenas máquinas vibradoras que estão a ajudar os agricultores na tarefa de varejar as oliveiras. Trata-se de pequenos engenhos que os lavradores carregam às costas, que abanam os troncos e os ramos das oliveiras, fazendo a azeitona cair sobre os toldos. O sucesso desta alternativa, aliado à falta de gente para trabalhar tem feito aumentar a procura desta maquinaria no mercado transmontano.
Como estão reunidas todas as condições para um bom ano para a olivicultura, o azeite transmontano deverá voltar a brilhar nos certames nacionais e internacionais. No âmbito das últimas participações, pode-se destacar produção de 1999/2000, na Feira Agrícola de OliMoura, onde uma quinta da região arrecadou o 1º; 2º e 3º prémios. Já este ano, com a produção de 2000/2001, uma participação num certame em Abrantes recolheu o 1º; 3º e 4º prémios.
Da ultima edição do COI (Comité Oleícola Internacional), foram seleccionadas as seis melhores amostras de azeite virgem europeu, estando entre elas uma amostra do DOP de Trás-os-Montes e Alto Douro. Esta nomeação é considerada o maior galardão do sector a nível mundial.



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