O Ecomuseu de Barroso inaugura no dia 22, em Montalegre, a exposição permanente “Alma Mater” que assinala os 80 anos do padre António Fontes, o “agitador de consciências” conhecido por impulsionar o congresso de medicina popular.
“É a poesia em pessoa. É um homem que defende valores e projeta Montalegre e o mundo rural como nunca ninguém o fez até hoje”, afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves.
Segundo anunciou hoje aquele município do distrito de Vila Real, a exposição pretende ser “uma visão biográfica que acompanha o trajeto de vida do mais importante e estimado barrosão” da atualidade.
António Lourenço Fontes nasceu em Cambezes do Rio, em 1940, é padre, escritor, hoteleiro, é um homem solidário e estudioso das plantas e ervas, emprestou o nome ao Ecomuseu e o seu nome também já é marca de vinho e de um licor com ouro.
É conhecido como o “embaixador do Barroso” e, ele próprio, tornou-se num dos maiores polos de atração turística desta região.
Orlando Alves defendeu que “há muito tempo” o padre Fontes “é merecedor de uma condecoração do Presidente da República”, que considerou que “anda permanentemente distraído daquilo que é o mundo rural” e “muito empenhado em dar medalhas às pessoas lá da urbe, de Lisboa”.
“E pelo país fora há pessoas que labutam, projetam e trabalham a sustentabilidade dos territórios”, afirmou.
Esta exposição é, segundo Orlando Alves, “intimista”, “direcionada para a vertente humanista” e representa ainda um “tributo” e uma “homenagem” ao pároco.
De acordo com a Câmara de Montalegre, “Alma Mater” é um projeto que tem como objetivo dar a conhecer a “figura ímpar” de António Lourenço Fontes, nomeadamente a sua “vertente humana e religiosa, a veia jornalística e literária”, bem como o trabalho “antropológico e etnográfico”.
A mostra junta fotografias, textos, compilações e utensílios ligados à vida do sacerdote.
Esta exposição, acrescentou a autarquia, desvenda “um homem que é, essencialmente, um provocador e um agitador de consciências”.
Paralelamente vai ser lançada publicamente a terceira edição da Etnografia Transmontana da autoria do padre Fontes.
António Fontes foi o impulsionador dos Congressos de Medicina Popular de Vilar de Perdizes, um evento pioneiro que atraiu os olhares do país para Montalegre e transformou o misticismo numa atração turística.
Foi também um dos dinamizadores da noite das bruxas, que se celebra em todas as sextas-feiras 13 na vila transmontana, como acontece no próximo mês de março.
O sacerdote sempre defendeu que o congresso quis "agitar as águas" entre o sagrado e o profano e promover as plantas medicinais.
Em Vilar de Perdizes, construiu um palco ao qual todos são convidados a subir e onde, anualmente, se reúnem cientistas e investigadores, curandeiros, bruxos, videntes, médiuns, astrólogos, tarólogos, massagistas e ervanários, curiosos e turistas.
A primeira edição do evento realizou-se em 1983, numa altura em que as tradições e a medicina popular antiga estavam a cair em desuso devido à concorrência ou oposição da medicina química ou moderna.
O congresso deu a conhecer “o valor da medicina popular e o poder das plantas para combater doenças”, mas, para além desse objetivo, tornou-se também numa oportunidade de negócio para a hotelaria, restauração e comércio.
Foto: António Pereira