Os produtores engarrafadores dos Vinhos do Porto e Douro apresentaram hoje um projecto para a criação de uma estrutura empresarial para o sector, que forneça dimensão e capacidade técnica e financeira aos seus associados.
De acordo com a Associação dos Produtores Engarrafadores do Vinho do Porto e Douro (AVEPOD), a região demarcada atravessa uma situação \"progressivamente mais difícil\" em relação à cultura dominante, a vitivinicultura, que passa por uma \"crise anunciada\" do sector, em especial para os pequenos viticultores, cooperativa e pequenas empresas comerciais da região.
Em comunicado, a AVEPOD aponta como principais factores para esta alegada crise a diminuição da procura e comercialização dos vinhos DOC Douro e Porto e a crescente dificuldade de escoamento dos viticultores isolados e associados.
A associação vai apresentar nos próximos dias aos seus associados uma \"Proposta de Modelo para a Criação de Nova Entidade Comercial\", a que a agência Lusa teve acesso, onde defende que a criação de um novo organismo é \"a única alternativa à globalização de um sector que progressivamente se transforma em multinacionais\".
A proposta da AVEPOD alerta para a necessidade de criação de uma de uma estrutura empresarial que forneça \"dimensão, +know-how+ e capacidade técnica e financeira\" aos produtores engarrafadores, viticultores, cooperativas de vinificação e pequenas empresas vinícolas.
\"Tal estrutura empresarial deverá possuir a necessária capacidade de orientação da produção em função das necessidades dos mercados interno e externo, favorecendo uma planificação da produção em prol de uma maior rentabilização no momento da distribuição e comercialização\", sustenta a AVEPOD.
A associação pretende agora estabelecer contactos entre potenciais sócios ou accionistas para se constituírem fundadores da estrutura comercial, com vista à criação de uma comissão ou grupo de trabalho para definir os estatutos da sociedade.
No documento, a AVEPOD refere que a região do Douro está a assistir a um fenómeno de crescente concentração da comercialização de vinho do Porto e, por arrastamento, de vinhos de mesa DOC Douro.
Desta forma, explica, os pequenos produtores independentes têm marcas com notoriedade desigual, nenhum deles com capacidade de venda que lhes permita fazer face quer à concentração na área comercial quer às exigências técnicas e de volume das grandes cadeias compradoras.
\"Tal significa que, cedo ou tarde, vão ter que vender os vinhos ao comércio, com perda do capital de notoriedade das suas actuais marcas.
De acordo com algumas das propostas apresentada pela AVEPOD, a nova estrutura deverá sustentar-se num modelo de organização tipo sociedade aberta, com obrigação de participação no capital proporcional aos interesses de cada um dos sócios, medido pelo volume da respectiva produção.
Deverá também assegurar que a aquisição pela nova organização do direito de organizar as marcas mais notórias, por contrapartida do pagamento de +royalties+ aos actuais detentores e o pagamento dos vinhos aos produtores associados a um preço indexado ao preço de venda no mercado, de forma a criar um interesse comum em entregar os vinhos em condições de optimização da respectiva valorização.