As equipas de busca e salvamento encontraram ontem, ao final do dia, o corpo da terceira vítima mortal do acidente que ocorreu há precisamente uma semana na linha do Tua. O funeral do maquinista (com 24 anos), da automotora que fazia a ligação de Tua a Mirandela poderá ocorrer ainda hoje, disse ao DN o Governador Civil de Bragança.
Isto «devido ao excepcional trabalho que o Instituto de Medicina Legal (IML) de Mirandela tem efectuado» e que, assegura Jorge Gomes, tem ajudado a reduzir uma penosa espera para as famílias.
O corpo foi encontrado com recurso a um helicóptero, a cerca de 300 metros do local do acidente. Segundo o governador, a descoberta tão próxima do local da tragédia ficou a dever-se à descida do caudal do Tua, depois de terem sido fechadas as barragens. «Com esta operação conseguimos baixar o caudal do rio e diminuir a força da sua corrente, o que facilitou o trabalho das equipas no terreno», adiantou Jorge Gomes. Naquela zona, explicou, o «leito do rio é muito fundo e bastante perigoso devido às rochas existentes. Além disso, tem remoinhos muito fortes e que podiam pÎr em causa o trabalho dos mergulhadores».
Ontem estiveram no terreno 160 homens dos bombeiros, INEM, fuzileiros e equipas cinotécnicas, com dez botes que bateram as águas dos rios Douro e Tua.
Recorde-se que o acidente ocorreu a semana passada quando, ao final da tarde de segunda-feira, a automotora que fazia a ligação entre o Tua e Mirandela caiu ao rio, numa ravina de cerca de 60 metros. Aparentemente, o acidente terá sido provocado por um deslizamento de terras que provocou a derrocada de uma pedra de grandes dimensões e que terá arrastado o veículo para o rio, com cinco pessoas a bordo.
Dois dos passageiros - um rapaz e uma rapariga de 23 anos - sobreviveram ao acidente e foram resgatados ainda no próprio dia, apesar das dificuldades das equipas de busca e salvamento em aceder ao local. Na manhã da passada terça-feira, pouco depois do início das operações de busca, era encontrado o corpo do revisor, de 35 anos, junto à automotora. No dia seguinte, as equipas encontravam o segundo corpo, de um funcionário da CP, que seguia também a bordo do veículo.
O Ministério das Obras Públicas, através do Instituto Nacional dos Transportes Ferroviários, e a Refer, responsável pela linha, anunciaram de imediato a abertura de inquéritos para apurar as causas do acidente.
O Governador Civil de Bragança confessou ao DN desconhecer o andamento dos trabalhos. «Até agora, a minha prioridade foi encontrar os desaparecidos e entregá-los à família. Amanhã [hoje] vou pensar nisso. A missão ficou cumprida, infelizmente com estas três vítimas a lamentar», adiantou Jorge Gomes.