A REN - Redes Energéticas Nacionais e a Enagás chegaram a acordo sobre o traçado do novo gasoduto que vai interligar os sistemas de gás natural português e espanhol. A rede portuguesa estará ligada a partir de Mangualde e a espanhola a partir de Zamora.

A infra-estrutura, que envolve em Portugal um investimento estimado em 294 milhões de euros, atravessará grande parte do interior transmontano, adianta a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) em comunicado. O investimento inclui, para além da construção do gasoduto, o reforço interno da rede portuguesa.

O novo equipamento terá 290 quilómetros de comprimento, 205 dos quais em território nacional.

A opção vai abrir a porta à gasificação do Nordeste transmontano, uma vez que os estudos desenvolvidos pela REN e pela Enagás, por delegação dos respectivos governos, confirmaram a zona de Trás-os-Montes como a melhor alternativa à interligação dos sistemas de gás natural português e espanhol, acrescenta a CMVM.

A REN destaca que o gasoduto Mangualde - Celorico da Beira - Zamora ligará mais directamente as duas redes nacionais de gás com as infra-estruturas de armazenagem subterrânea e os terminais de gás natural liquefeito e, por isso, \"valoriza a Península Ibérica como porta de entrada do gás natural no sistema europeu, potenciando uma integração progressiva dos dois mercados nacionais\".

Além disso, refere a empresa, esta interligação viabiliza o \"plano para compatibilizar a regulação do sector energético entre Espanha e Portugal\" e cria as condições necessárias para o desenvolvimento do Mercado Ibérico de Gás Natural.

Segundo declarações da REN no passado fim-de-semana, com a concretização deste projecto, Portugal ganha também \"a possibilidade de exportar o gás que chega ao terminal de Sines vindo de outros países\".

\"Conjugando os dois factores - armazenamento e interligações -, há mais condições para apresentar a Península Ibérica como uma plataforma alternativa ao gás importado da Rússia, reduzindo a dependência\" dos países europeus, acrescenta a empresa. Mas, por outro lado, acrescenta, Portugal ganha a possibilidade de vir a ser abastecido por gás russo, já que a nova infra-estrutura vai permitir ligações aos gasodutos espanhóis, franceses, alemães e russos.

Actualmente, o gás natural comercializado em Portugal é importado do exterior da União Europeia, sendo a Argélia e a Nigéria os dois principais fornecedores.

O gás da Argélia chega à Península Ibérica através do gasoduto Magreb-Europa, que entra pelo Sul de Espanha e depois em Portugal, na zona de Campo Maior. Já o da Nigéria é transportado em navios e entra pelo porto de Sines.

A distribuição de gás no País está a cargo da EDP, que abastece 25% da população, e da Galp (8%) para os consumidores domésticos. A REN fornece os grossistas.

As empresas preparam-se agora para o mercado liberalizado do gás, que entra em vigor a 1 de Janeiro de 2010.



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