A EDP já reprogramou as obras para a construção da barragem, a pedido da Unesco. O novo plano atira para o terceiro trimestre de 2016 o arranque da operação da central hidroeléctrica.

A EDP reprogramou o calendário de construção da barragem de Foz Tua que adia em quase um ano a conclusão do empreendimento, devido ao abrandamento dos trabalhos acordado entre o Governo português e a Unesco.

O organismo internacional pediu o abrandamento da obra até à apresentação do relatório, que deverá estar pronto no final do ano, da missão que, no início de Agosto, visitou a região para analisar os impactos do empreendimento hidroeléctrico no Douro Vinhateiro Património da Humanidade.

Um grupo de associações opositoras da barragem acusou o Governo e a EDP de \"desrespeito\" do acordo por alegadamente \"as obras não terem abrandado\", além de ter sido aprovado um incentivo à EDP pela electricidade.

Num esclarecimento por escrito à Lusa, a concessionária da barragem refere que \"em resposta à orientação da Unesco, a EDP procedeu a uma reprogramação da construção de Foz Tua\" e que \"este novo plano remete o início de actividade do empreendimento para o terceiro trimestre de 2016\", enquanto \"a data inicial apontava para Novembro de 2015\".

A empresa esclarece ainda que \"o abrandamento do ritmo de trabalhos, já em curso, implica o adiamento do início de construção do paredão da barragem\" e que \"a suspensão desta componente central do projecto traduz-se numa diminuição do número de empregos directos\".

\"Estão actualmente em obra 335 trabalhadores. Em Junho último, antes da decisão daquela entidade, eram 506. De acordo com o cronograma inicial, o projecto empregaria nesta altura cerca de 800 trabalhadores\", concretizou.

A EDP sublinha ainda \"a inexistência de subsídios em Foz Tua\", referindo que \"aquele empreendimento, a ser concluído, receberá uma garantia de potência tal como as restantes novas centrais hidroeléctricas em construção\".

Alega \"tratar-se de um pagamento pelo serviço de disponibilidade de potência que as centrais prestam ao sistema eléctrico, sempre que haja necessidade de suprir falhas de abastecimento num curto espaço de tempo\".

Contactado pela Lusa, o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT) reforçou a informação já adiantada há uma semana e que vai ao encontro dos dados avançados pela EDP.

A recalendarização das obras foi apresentada pela ministra Assunção Cristas à missão da UNESCO.

\"O Governo está-se nas tintas para a UNESCO\", afirmou hoje Daniel Conde do Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT), que acusa o Estado português e a EDP de incumprimento do acordo numa exposição feita àquele organismo.

A posição é subscrita por mais quatro associações opositoras da barragem: GEOTA- Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, LPN- Liga para a Protecção da Natureza, COAGRET- Coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvazes, e o Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT).

\"As obras não abrandaram. Até há indicação de que há mais máquinas\", afirmou à Lusa Daniel Conde, que disse ainda à Lusa não ter dúvidas de que \"ou a barragem para ou o Douro vai ser desclassificado\".

Aquele activista contesta o argumento de que a barragem \"ocupará apenas 0,001 por cento da zona classificado, porque para a UNESCO o que conta é o valor universal do património classificado\".

Os opositores da barragem contestam ainda o novo regime de incentivos para garantias de potência aos centros electroprodutores aprovado por portaria do Governo de 20 de Agosto, que classifica de \"uma extorsão às famílias portuguesas de 30 milhões de euros por ano, em benefício das grandes eléctricas\".

Foz Tua é contemplada nesta portaria que \"lista as novas centrais hidroeléctricas que serão abrangidas por este regime, incluindo todas as centrais aprovadas ao abrigo do Programa Nacional de Barragens, mais o Baixo Sabor e Ribeiradio\", segundo os contestatários.



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