A meio do terceiro mandato, a maioria social-democrata na Câmara Municipal de Bragança aguarda ainda financiamento para completar uma vaga de projectos o Parque Urbano da Trajinha e o Centro de Inovação Empresarial são dois exemplos.
Mais um esforço \\"nos trabalhos de Hércules\\" que o autarca, Jorge Nunes, de 54 anos, impÎs a si próprio para transformar uma cidade eminentemente rural, há pouco mais de uma década, numa urbe semelhante a tantas outras pelo país fora, onde não falta o centro comercial para o povo recolher ao fim-de-semana, as rotundas monumentais, e um túnel, em pleno centro, que cria uma fractura entre a cidade velha e a nova.
Engenheiro civil, Jorge Nunes gosta de transformar a cidade, de meter a mão no tradicional. Invasões polémicas. Erguem-se vozes de protesto. Na eminência de novos assobios, o autarca recuou na modernização da Avenida João da Cruz, a mais característica da cidade, e acedeu a \\"ajustamentos\\" ao projecto.
Se é verdade que, em sete anos, Bragança ganhou equipamentos Teatro Municipal, Museu da Máscara, requalificação do rio Fervença, piscinas cobertas, centro cultural, matadouro, Casa do Lavrador, Centro de Ciência Viva e, em breve, o Centro de Arte Contemporânea, não é mentira que se transformou numa localidade de construção civil em crescimento exponencial nos bairros novos, onde se encaixotaram centenas de pessoas, enquanto o centro histórico vai ficando deserto e abandonado.
A Oposição acusa as falhas do urbanismo, a delonga na revisão do Plano Director Municipal, o \\"despesismo na cultura\\". Jorge Nunes contrapõe \\"O crescimento urbano e a gestão urbanística são uma marca de qualidade\\". E tudo justifica com dados do Instituto Nacional de Estatística, \\"de entre as capitais de distrito, o orçamento municipal de Bragança é dos que menos depende dos impostos da construção civil, resultado de uma política de qualidade urbana, adoptada para a cidade\\".
PS e CDU, minorias na Assembleia Municipal, censuram a má gestão de equipamentos, mas pouca diferença faz quando prevalece a maioria PSD. Bragança cresceu, mas não se tornou adulta para captar investimento, para fixar jovens, para ganhar centralidade e ser a verdadeira capital da região. Indiferente às críticas, o edil faz uma auto-avaliação muito positiva do mandato e, diz mesmo, que o projecto inicialmente desenhado \\"está em muitos aspectos concretizado\\".
Grande poder de compra
Orgulhoso, em ocasiões públicas, publicita o que considera os números do sucesso. O poder de compra cresceu. Numa década Bragança subiu de 80,37% da média nacional para 100,98%, ocupando a 6.ª posição de entre os 85 concelhos da Zona Norte. No ano de 2005, o concelho, foi responsável por 40% das exportações dos 15 municípios de Trás-os-Montes.
Os engulhos existem. Há projectos emperrados a barragem de Veiguinhas, a instalação de um mega parque eólico em pleno Parque Natural de Montesinho, a construção de uma ligação rápida à Sanábria (Espanha), estão condicionados pelos pareceres do Instituto de Conservação da Natureza.