O processo da barragem do Sabor poderá acabar no Tribunal de Justiça Europeu. Depois de a Comissão Europeia (CE) ter recusado comparticipar o financiamento de construção do empreendimento, uma queixa apresentada pela Plataforma Sabor Livre, constituída por várias associações ambientalistas, levou Bruxelas a pedir explicações ao Estado português. Os argumentos de Lisboa parecem não ter consegui- do convencer as autoridades europeias.

O Ministério do Ambiente diz não ter ainda conhecimento da resposta da CE à exposição apresentado pelo Governo, em defesa da construção do empreendimento, projectado para o Baixo Sabor, uma zona de Trás-os-Montes classificada como Rede Natura 2000. No entanto, fonte do ministério admite receber um parecer fundamentado e o processo acabar no Tribunal de Justiça das Comunidades.

Helena Freitas, da Plataforma Sabor Livre, revelou ao DN ter conhecimento que as últimas informações enviadas pelo Governo \\"não foram satisfatórias\\". A necessidade de regularizar os caudais da bacia do Douro para minimizar as cheias, a produção de energia eléctrica e o cumprimento do Protocolo de Quioto são a base da argumentação portuguesa a justificar a construção de uma barragem no último rio selvagem português. Avança também com a criação de uma reserva de água para o regadio.

\\"Pura demagogia\\", avança a investigadora da Universidade de Coimbra, que tem sido um dos principais rostos da contestação ao projecto. Em causa está o financiamento da construção da barragem. Bruxelas já fez saber não estar disponível para comparticipar uma obra que viola as normas de protecção ambientais. Uma decisão que vem ao encontro da posição dos ambientalistas. Helena Freitas afirma que \\"se a EDP quer construir uma barragem, que a pague\\". Espera ainda que a hidroeléctrica diga quantos empreendimentos pretende ainda construir.

Quanto aos argumentos do Governo português, Helena Freitas considera que \\"um aumento de dois ou três por cento na produção de energia não justifica o impacto negativo\\". Já em relação à criação de uma reserva de água, diz \\"não ser necessário construir uma obra de engenharia pesada para o conseguir\\". Quanto ao regadio, não passa, na opinião da professora da Universidade de Coimbra e antiga presidente da Liga de Protecção da Natureza, de mais uma argumento falacioso. \\"Para quê regadio onde se pratica uma agricultura de sequeiro?\\"



PARTILHAR:

Uma pequena avaria

Jorge Azevedo no conselho científico