A população de Bragança tem água assegurada para todo o verão, depois de a seca de inverno ter criado uma situação inédita que fazia temer um cenário de ruptura total no abastecimento.
A Câmara de Bragança avançou, pela primeira vez, para a elaboração de um plano de emergência depois de ter sido obrigada a recorrer com quatro meses de antecedência aos sistemas alternativos que normalmente só são usados no verão para abastecer a cidade.
As águas de Abril repuseram as reservas e o abastecimento está garantido para todo o verão, como já assegurou o vice-presidente da autarquia, Rui Caseiro.
A chuva deu também mais tempo ao município para preparar o plano de emergência que não abandonou apesar das melhorias porque o principal problema da cidade mantém-se: a falta de capacidade de armazenamento.
Se o próximo outono não trouxer chuva, Bragança poderá ficar novamente sem água e ter de recorrer a camiões cisterna para garantir o abastecimento aos cerca de 30 mil habitantes, assim como à ajuda do exército e da vizinha Espanha prevista no plano de emergência.
O sistema de abastecimento de água está incompleto há quase 30 anos, tendo sido construída apenas uma das duas barragens previstas.
A barragem da Serra Serrada é a única reserva de água existente e que está actualmente «a transbordar», segundo Rui Caseiro, mas depois do verão fica esgotada.
A autarquia acredita que conseguirá resolver definitivamente o problema com a construção da segunda barragem, a polémica Veiguinhas, que foi aprovada, em Março, pelo secretário de Estado do Ambiente, depois de 15 anos de chumbos ambientais por se localizar em pleno Parque Natural de Montesinho.
A obra deverá demorar ainda cerca de um ano a iniciar-se e até a nova albufeira encher, Bragança continuará dependente da generosidade do tempo para garantir água à população.
Para dar resposta a uma eventual situação de ruptura total, a autarquia está a preparar o primeiro plano de emergência, em parceria com a Autoridade Nacional da Protecção Civil, o Ministério do Ambiente, através de organismos como o INAG (Instituto Nacional da Água) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN).
No pior dos cenários, serão necessários, de acordo com o vice-presidente, «setenta camiões cisterna» a transportar água 24 por dia para os depósitos da cidade, o que implica uma mobilização de meios da Protecção Civil de todo o país.
Neste cenário, será também necessária a intervenção do exército, segundo ainda Rui Caseiro, e a ajuda de Espanha.
Uma operação deste género poderá ter um custo de 1,8 milhões de euros por dia, segundo dados da autarquia.
A câmara de Bragança já tinha um plano de contingência que accionou várias vezes nos últimos anos, nomeadamente em Outubro, com camiões cisterna dos bombeiros a transportarem água para os depósitos do concelho, mas numa escala menor e menos abrangente do que os cenários contemplados no plano de emergência.