Um acampamento que termina com uma arruada no dia 16 de agosto, em Boticas, é uma iniciativa de protesto contra a exploração de lítio e de alerta contra a falta de água, foi hoje anunciado.

“É uma forma de protesto, de sensibilizar as pessoas e de dar a conhecer a nossa luta. E este é um bom ano para isso porque estamos a atravessar uma seca extrema, estamos com falta de água e a extração mineira só vai piorar esse problema”, afirmou à agência Lusa Nelson Gomes, da associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso.

Segundo referiu, esta aldeia do distrito de Vila Real “nunca teve problemas de água e este ano está com falta de água”, referindo que, em alguns dias, foi já necessário fechar o depósito em alguns períodos e que está a ser reabastecido.

Nelson Gomes salientou que a extração mineira é uma atividade muito consumidora de água e lembrou que a empresa Savannah Resources quer explorar, precisamente, uma mina de lítio neste território.

“As pessoas ganharam a consciência de que têm de preservar a pouca água que ainda temos e não faz sentido uma empresa vir aqui abrir uma mina que vai gastar mais água do que aquela que gasta o concelho de Boticas durante o ano”, afirmou o responsável.

Neste acampamento, que começa na sexta-feira na aldeia de Covas do Barroso, são esperadas entre 100 a 150 pessoas por dia, provenientes de todo o país e também do estrangeiro, como da Alemanha e do México.

Ao longo do fim de semana prolongado realizar-se-ão workshops, peças de teatro, jogos populares e haverá conversas sobre o ambiente e a exploração mineira.

“Em Covas do Barroso, nós que sempre vivemos de forma sustentável, recusamos ser sacrificados para que outros possam manter o seu consumismo intensivo”, refere a associação que luta contra a mina de lítio.

A iniciativa junta várias associações e movimentos contra as minas e termina com uma arruada pelas ruas de Boticas, onde será lido um manifesto contra a extração mineira.

A Savannah Resources informou, no início de julho, que foi notificada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para reformular o projeto, antes da emissão da Declaração de Impacte Ambiental (DIA).

O EIA da mina do Barroso esteve em consulta pública entre abril e julho do ano passado.

Um ano depois, a Savannah revelou em comunicado que tem, agora, seis meses para "trabalhar, em colaboração com a APA, no sentido de otimizar ainda mais certos aspetos físicos do projeto e considerações ambientais, ecológicas e socioeconómicas associadas, e reenviá-los para consideração".

Após a apresentação e confirmação da aceitação das medidas de otimização, a APA tem um prazo até 50 dias úteis para proceder à sua avaliação e emitir uma DIA, prevendo-se, por isso, que a decisão seja tomada até março de 2023.

“Só nos veio dar razão e mostrar que os argumentos apresentados pela empresa e que as medidas de mitigação não têm nada a ver não são a realidade”, apontou Nélson Gomes, que frisou “não haver medidas de mitigação possíveis”.

Nomeadamente, enumerou, na “questão da água”, da proximidade da aldeia” e as “cortas a céu aberto” e “as escombreiras”. “Não faz sentido estar a destruir ainda mais aquilo que hoje tanto se fala em preservar, que é a natureza, as florestas e água. Nunca aceitaremos, seja de que maneira for, este projeto”, salientou.

A mina do Barroso situa-se em área das freguesias de Dornelas e Covas do Barroso e está prevista uma exploração de lítio e outros minerais a céu aberto. A área de concessão prevista é de 593 hectares.

Também em Morgade, no concelho vizinho de Montalegre, realiza-se no domingo uma caminhada em defesa do ambiente e contra a mina de lítio que a empresa Lusorecursos quer explorar naquele território.



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