O vereador social-democrata, Carlos Barroso, revelou que alguns dos investidores que adquiriram lotes na Zona Industrial se sentem "enganados" porque quando compraram os terrenos, fizeram-no a confiar no projecto, reproduzido na maquete que esteve exposta no átrio da Câmara. Aí, viam-se claramente os acessos, através do nó da Amendoeira, "sendo essa a razão que os motivou a comprar os lotes". Sabendo agora que o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) não contemplou qualquer acesso à Zona Industrial, no nó de acesso ao IP4 e ao troço de IP2, que anda a construir, desconfiam que depois de estarem instalados, a Câmara lhes vá "impingir" o acesso através da EN 15, através da qual a distância entre Macedo e o Parque Industrial "será de mais de 24 quilómetros (ida e volta)".
Por outro lado, Carlos Barroso não acredita que o IEP vá aceitar o novo nó proposto pela Câmara, devido à curta distância (um quilómetro) que o separa do nó da Amendoeira. Além disso, acrescenta o vereador, para escamotear esta mais que possível situação, "o presidente da Câmara disse que o nó nunca se fará dentro dos próximos dois anos, devido à necessidade de ter de se proceder ao estudo de impacte ambiental da área que o mesmo irá ocupar". Não se admira, por isso, que a empresa BASREAL (metalomecânica), que manifestara interesse em se instalar o mais rapidamente possível, já tenha manifestado alguma insatisfação, não só relativamente à previsível falta de acesso através do IP4, mas também pelas dificuldades que tem encontrado para fazer a escritura do lote.
Por considerar a zona industrial de interesse primordial para o desenvolvimento do concelho e pelos postos de trabalho que pode criar, aquele dirigente social-democrata gostava de, no aspecto dos acessos, poder estar de acordo com a actual gestão socialista porque isso "seria sinal de que estariam reunidas todas as condições que o projecto inicial previa". Na sua perspectiva, só assim é que, seria possível, não só "segurar" os investidores que já compraram lotes, mas também cativar todos os outros que ainda se revelam cépticos relativamente à funcionalidade da zona industrial.
Um novo nó
Confrontado com esta questão, Luís Vaz afirma que "alguns comentários do PSD são de uma irresponsabilidade total, que podem pÎr em causa a credibilidade do projecto e, por isso, os interesses de Macedo de Cavaleiros". Relativamente aos acessos, o autarca referiu que "constatada a inviabilidade de fazer o acesso ao Parque Industrial através do actual nó de ligação ao IP2, a Câmara Municipal optou por mandar elaborar um projecto de acesso, que consiste num novo nó, a cerca de quilómetro e meio do actual, que permitirá uma ligação directa ao IP4. E acrescenta: "isto não quer dizer que, a partir dessa zona, no futuro não possa ser executado um novo acesso directo a Macedo".
O autarca confessa que há algum atraso na condução do processo, mas que isso se deve à recente mudança de ministro das Obras Públicas. De facto, sustenta, "na sequência de reuniões que tinha tido com o ministro Jorge Coelho e com o secretário de Estado Luís Parreirão tinha ficado acordada a metodologia a seguir com vista à execução da obra, sendo uma das diligências já marcadas, para o efeito, uma reunião com o presidente do Instituto de Estradas de Portugal (IEP), no fim do mês." Com as demissões daqueles membros do governo e do presidente do IEP, "o processo terá que ser reiniciado com os novos titulares das Obras Públicas", manifestando-se, no entanto, "convicto de que o processo terá o desenvolvimento normal, sendo absurdas as referências do PSD à necessidade de um estudo de impacte ambiental para um simples acesso a IP".
Luís Vaz afirmou ainda que "para ajudar os potenciais investidores a instalar as novas indústrias, a Câmara Municipal celebrou um protocolo com a Engenharia Militar, que há vários meses vêm fazendo terraplenagens e movimentações de terras no local, por forma a colocar a plataforma dos lotes à cota mais favorável, o que representa uma valiosa ajuda aos empresários". Não compreende, por isso, "a preocupação do PSD, até porque é sabido que todos os lotes estão atribuídos, havendo inclusivamente uma lista de espera". Uma das empresas mais adiantadas na instalação é, segundo o autarca, "a BASREAL, que já começou as obras de instalação da sua unidade de metalomecânica, preparando-se outras para fazer o mesmo".
De acordo com Luís Vaz, "isto não quer dizer que alguns dos empresários a quem foram atribuídos lotes não fiquem pelo caminho, por razões diversas que têm a ver com a vida das empresas, circunstância que, a ocorrer, permitirá que outros da lista de espera avancem". Na sua perspectiva tal não acontecerá, porém, por falta de acesso, uma vez que este "se fará através da EN 15, sem problemas, sendo uma situação provisória, pois no próximo ano o acesso directo através do IP4 será uma realidade" No entanto, "se alguém se candidatou a lotes com objectivos de futuras transacções, sem instalar as unidades industriais, que se desiluda, pois tal não vai ser possível". Para estes, Luís Vaz aponta o regulamento do loteamento "que será implacável" para quem não cumpra os prazos de instalação, para além de os lotes voltarem à posse da Câmara para serem entregues a outros.
O autarca lembra que aprendeu com "os erros da gestão do PSD, que elaborou o regulamento da Zona Oficinal de Travanca, de tal forma incoerente, que deu origem a que os lotes tivessem ficado por ocupar anos a fio".
