Três feridos em estado grave, resultantes do despiste de um tractor agrícola ocorrido, anteontem, na via que liga a aldeia de Lagoaça, em Freixo de Espada à Cinta, ao rio Douro, estiveram no local do sinistro entre as 14 e as 21 horas à espera de socorro. Uma espera de sete horas.

Numa primeira fase, de acordo com Paulo Teixeira, filho de uma das vítimas e o primeiro a chegar ao local, o socorro não foi accionado mais cedo pela manifesta dificuldade no que às comunicações respeita, porque o local, embora distando da localidade uns escassos seis quilómetros, não está coberto pela rede nacional de telemóvel. A situação origina o caricato de, em circunstâncias similares, as chamadas caírem directamente nos operadores espanhóis.

Acesso muito difícil

Por outro lado, o acesso também não é fácil. A estrada onde ocorreu o acidente e que dá acesso a um cais de embarque e terrenos agrícolas situados no Douro Internacional, apresenta um traçado sinuoso e estreito, estando pejada de locais onde se afigura assaz difícil manobrar os veículos. Além disso, e para agravar ainda mais a já de si difícil situação dos três sinistrados, a zona é pouco frequentada pelas pessoas, já que a estrada só apresenta movimento digno de nota em época de bom tempo e ao fim-de-semana.

Valeu às três vítimas - António e Aida Conde, ambos com cerca de 60 anos de idade e que se encontravam, ao final do dia de ontem, ainda internados no serviço de Ortopedia do Hospital de Bragança, e Júlio Teixeira, também de 60 anos e internado no serviço de Cuidados Intermédios daquela unidade hospitalar, apresentando prognóstico reservado - a estranheza dos familiares pela demora, que os levou a fazer buscas.

De acordo com Paulo Teixeira, a primeira pessoa a chegar ao local do acidente, \"o tractor estava tombado e as pessoas deitadas na estrada, cheias de dores. O estradão está cheio de buracos, o que contribuiu, de certeza, para o acidente\", disse, indicando o local em que as três pessoas foram cuspidas com violência, quer do tractor, quer do atrelado que rebocava. \"Na aldeia, as pessoas sempre foram comentando que os acidentados tiveram sorte, já que o tractor ficou muito próximo de uma ravina sobranceira ao rio Douro, com vários metros de profundidade\", sublinhou Teixeira.

Após socorridos pelos Bombeiros Voluntários de Freixo de Espada à Cinta, os feridos foram assistidos no Centro de Saúde local, sendo depois transportadas de ambulância - numa viagem que demorou cerca de duas horas - para o Hospital de Bragança.

Erro do CODU

Para lá do tempo em que os feridos aguardaram pelo socorro após o pedido emitido por ele próprio, Paulo Teixeira, garante que o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Porto não forneceu as indicações correctas às equipas de socorro, já que os meios foram enviados para um outro local, o que atrasou o socorro em cerca de uma hora.

Todavia, fonte ligada ao CODU visado disse ao JN, que, entre o período de alerta e o início das operações de socorro, terão decorrido apenas cerca de 25 minutos, reiterando que o corpo de bombeiros mais próximo se encontrava a 20 quilómetros de distância e que a estrada onde ocorreu o acidente não se encontra, sequer, referenciada na cartografia digital disponível. A versão foi desmentida, porém, por uma fonte dos Voluntários de Freixo de Espada à Cinta.



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