Uma equipa de arqueólogos, chefiada pela barrosã Carla Cascais, acredita que estamos perante um achado arqueológico romano na aldeia de Sezelhe, concelho de Montalegre. Os indícios, descritos ao longo do tempo pelo povo, despertaram uma curiosidade agora confirmada. O próximo passo, garante a autarquia, é estudar o melhor caminho que preserve este «documento expressivo da história do concelho».

Um terreno particular agrícola da aldeia de Sezelhe, concelho de Montalegre, escondia até há poucos dias um conjunto de vestígios romanos. O povo há muito que dizia que no lugar da "horta do padre" havia mais que terra. De quando em vez, apareciam telhas diferentes.

O coro de vozes subiu de tom até chegar à Câmara de Montalegre. Esta contratou uma equipa de arqueólogos, liderada por Carla Cascais, para tirar a poeira à dúvida. Bastou um primeiro contacto, confessa a arqueóloga: «não me surpreendeu o que encontrei, porque na primeira vez vi logo que havia aqui alguma coisa que indiciava vestígios. Agora concluímos que é verdade. O próprio caminho que está junto do terreno indicia ligações com outros sítios similares, ou até maiores, como é exemplo o castro de Frades».

A cronologia arqueológica aponta para o tempo romano, explica Carla Cascais: «logo que fiz a primeira visita ao local, confirmei que se tratavam de telhas romanas. Resolvemos fazer uma sondagem de avaliação. O facto é que os vestígios estão cá. Aparecem estruturas, alguns pisos e muros». Uma doce constatação que empolga o trabalho. Todavia, a bola está do lado de quem decide: «o próximo passo não depende de mim. Vamos ver se a autarquia pretende que se invista um pouco mais. Quando falo em investir, falo em conhecimento. A ver se podemos alargar esta escavação para tentar perceber o que realmente aqui temos».

Particularmente atento ao que viu e ouviu, o presidente do município de Montalegre, acompanhado pelo vice-presidente, não disfarçou o agrado: «é uma situação que me dá satisfação por considerar, segundo a opinião dos técnicos presentes, que estamos perante um achado de matriz arqueológica que indicia, à primeira vista, a presença romana neste espaço». Uma «primeira impressão», avança Orlando Alves, que «irá obrigar a pensar qual será a atitude subsequente».

O líder do executivo municipal está determinado a não deixar morrer este dossier. Para já, o caminho pode ir parar a várias portas. Importa, explica Orlando Alves, é pensar em conjunto e tomar a melhor decisão: «a partir de agora, teremos de pensar em conjunto, com os técnicos que aqui estão, no sentido de ver quais serão os passos que devemos seguir, tutelados ou não pelo IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico), com a colaboração que queiram ter, ou que sejam eles a querer levar este assunto para a frente».

Esta descoberta não tem documentação oficial de suporte. Ao invés, entre Gralhas e Santo André, freguesias do concelho, há papelada variada que fala nas cidade de Grou (Santo André) e Ceada (Gralhas). Estes factos são lembrados pelo presidente da autarquia: «há muito sítio no concelho onde valia a pena fazer grandes intervenções. Teriam que ser, naturalmente, tuteladas pelo IGESPAR. Todos sabem que andamos à procura da cidade de Grou e da Ceada...faria todo o sentido investigar». Porém, remata Orlando Alves, «estamos a falar de um pacote financeiro enormíssimo...mas...valia a pena "bater" toda aquela zona entre Gralhas e Santo André».
CMM



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