O distrito de Bragança regista a maior incidência de febre da carraça em Portugal com um número de casos oito vezes superior à média nacional, exigindo um programa de erradicação da doença, disse hoje o delegado distrital de saúde.
Em declarações à Lusa, Vítor Lourenço referiu que nesta região são registados anualmente 80 casos por cada 100 mil habitantes, enquanto no resto do país a relação é de dez casos por 100 mil habitantes.
Victor Lourenço é um dos oradores do seminário que decorre hoje em Bragança sobre «Saúde Pública e Doenças Transmitidas por Carraças», organizado pela sub-região de Saúde de Bragança.
De acordo com o delegado distrital de Saúde, a situação epidemiológica, no Distrito de Bragança, da febre escaro-nodular, vulgarmente conhecida por febre da carraça, «está muito acima da média nacional».
Na opinião de Victor Lourenço, «a situação reclama para o combate a esta doença um programa de erradicação idêntico ao desenvolvido há dez anos contra a brucelose, que levou a uma redução da vertente humana, transmitida através do gado e seus derivados, «de entre 140 a 180 casos anuais para meia dúzia».
Para o delegado distrital de saúde, »é preciso abanar as instituições no sentido de se mobilizarem, à semelhança do que aconteceu com a brucelose, em que os organismos ligados à Agricultura procuraram fundos comunitários para um programa de erradicação da doença junto de agricultores e explorações agrícolas».
Victor Lourenço entende que »as pessoas (particulares e instituições) têm andado distraídas e descuidadas com a problemática da febre da carraça», o que atribui «a um baixo nível de desenvolvimento».
Para o delegado de saúde, «a perturbação da saúde pública causada por esta doença exige outra postura», nomeadamente das pessoas que têm animais de companhia e das autarquias, exigindo-se maior atenção para os animais vadios que deambulam pela ruas infestados de parasitas.
Os mais afectados pela doença são crianças e jovens, entre um e 15 anos, as idades mais propícias a brincadeiras com animais ou na relva de jardins.
Segundo explicou, esta doença é provocada pela mordedura da carraça, que transporta uma bactéria causadora de sintomas como febres altas, dores musculares e cefaleias.
De acordo com Victor Lourenço, a febre da carraça pode ainda provocar atrofia do sistema nervoso central e da parte pulmonar e, em casos extremos, poderá provocar a morte, se o organismo da vítima estiver debilitado por outras questões de saúde.
Em 10% dos casos, a febre da carraça obriga a internamento hospitalar.
Para Victor Lourenço, o combate à doença exige também sensibilização em termos de higiene e saúde no trabalho, nomeadamente junto de pastores e outros profissionais que trabalham com animais portadores do parasita.