O arguido que começou hoje a ser julgado pelo duplo homicídio dos cunhados em Avarenta, concelho de em Valpaços, escusou-se a prestar declarações ao coletivo de juízes do Tribunal de Vila Real.
O homem, de 67 anos, chega a julgamento acusado pelo Ministério Público (MP) de dois crimes de homicídio qualificado, 13 crimes de ameaça agravada e um crime de detenção de arma proibida.
Na primeira sessão de julgamento, o arguido decidiu não prestar declarações ao coletivo de juízes.
O advogado de defesa quis solicitar uma perícia psiquiátrica ao seu cliente, mas o pedido foi recusado pelo tribunal.
O caso remonta a 30 de maio quando, segundo a tese da acusação, o arguido disparou contra o casal, um homem de 52 anos, irmão da mulher do suspeito, e a sua esposa de 49 anos, quando estes estavam a trabalhar num lameiro, perto da aldeia de Avarenta, no concelho de Valpaços.
De acordo com o MP, o arguido atuou de “forma bruta, fria e determinada, com “total desprezo pela vida das vítimas”, concretizando um “desígnio que vinha acalentando” e para cuja execução “refletiu e ponderou os meios a utilizar e o momento e local adequados e que bem conhecia para atuar”.
O crime, para o MP, foi cometido depois de várias ameaças de morte proferidas pelo homem, ao ponto das vítimas andarem com receio, evitarem andarem sozinhos ou cruzarem-se com o arguido.
Desde meados de 2018 que o arguido se encontrava desavindo com as vítimas, por entender que ambos prestaram declarações que o desfavoreceram no âmbito de um processo, que corre no Tribunal de Valpaços e que teve origem num desentendimento do suspeito com um vizinho, motivado pela partilha de animais que ambos tinham caçado.
O MP refere que, após os crimes de homicídio, o homem encaminhou-se para a sua casa e, pelo caminho, atirou a arma de fogo para uma ribeira, ficando a mesma sobre um silvado, e, mais à frente, escondeu uma luvas de látex sob uma figueira, e foi tomar banho.
No âmbito da investigação, foram apreendidas duas armas legalizadas na posse do arguido e, só no dia a seguir, foram encontrados dois invólucros, junto ao local onde estavam os cadáveres, a arma de calibre 12, com número de série rasurado, sobre o silvado e também as luvas de látex.
Os exames periciais revelaram tratar-se da arma e luvas usadas pelo arguido quando cometeu o duplo homicídio.
O arguido foi detido pela Polícia Judiciária de Vila Real no dia 02 de junho e está, desde o dia 04 desse mês, em prisão preventiva.
Fotografia: AP