A Adega de Favaios, concelho de Alijó, arranca com um investimento de 1,2 milhões de euros em 2023 para ampliar e modernizar esta cooperativa que quer diversificar mais a área de negócio, muito assente no vinho moscatel.

A informação foi avançada à agência Lusa pelo presidente da direção, Mário Monteiro, a propósito das comemorações dos 70 anos da cooperativa, que se assinalam no sábado.

O responsável adiantou que se pretende ampliar e modernizar a adega do Douro, instalada no concelho de Alijó, distrito de Vila Real, estando previsto iniciar em 2023 um investimento na ordem dos 1,2 milhões de euros, com cerca de 50% de financiamento comunitário.

A aposta, explicou, vai passar pelo aumento da capacidade de armazenamento e de fermentação, recorrendo a novas tecnologias, como mais modernas cubas de fermentação, o que significa, também, que a adega vai “poder crescer em volume de vinhos vinificados”, designadamente a nível dos DOC (Denominação de Origem Controlada) brancos e tintos.

Mário Monteiro disse que o objetivo passa também por diversificar a área de negócio da cooperativa, que assenta muito na produção de vinho moscatel.

Segundo referiu, entre 60 a 70% (conforme os anos) da produção da adega é de moscatel.

“Temos de modernizar a receção das uvas, temos que torná-la recetiva às vindimas mecânicas (…) Aqui, no planalto de Favaios, em menos de 10 anos estaremos a fazer vindimas mecanizadas e, para isso, é preciso que a receção esteja preparada e, portanto, nós temos que antecipar essa necessidade que vai haver”, salientou ainda.

Num ano de grandes desafios para a viticultura no Douro, por causa da seca e das altas temperaturas, a produção de vinho moscatel aumentou na ordem dos 10% em Favaios.

“O nosso moscatel mostrou que resiste às grandes secas, tivemos uma vindima onde conseguimos ter ainda mais produção do que no ano passado e isso mostra que o planalto de Favaios por uns largos anos resistirá à seca e ao aumento das temperaturas”, salientou.

No total, entre vinhos moscatel, Porto, brancos e tintos, a cooperativa produziu, nesta vindima, 11 mil pipas de vinho (550 litros cada).

Outro grande desafio passa pela fatura energética e, de acordo com Mário Monteiro, a instalação de cerca de 500 painéis solares permitiu uma autonomia na ordem dos 40% e também baixar nas despesas de energia.

“Se não fosse isso estaríamos pior (…) Agora, estamos à espera de novos incentivos para podermos investir um pouco mais nessa área”, frisou.

O ano trouxe também um “enorme” aumento dos custos de produção e de materiais, como as garrafas, e, de acordo com o responsável, foi necessário aumentar o preço do vinho.

As previsões apontam para que o volume de negócios, em 2023, ultrapasse os 16 milhões de euros, mais cerca de um milhão de euros do que no ano passado.

Isto, apesar do cenário de guerra na Ucrânia ter contribuído para uma diminuição na ordem dos 5% nas exportações, nomeadamente para a Alemanha e China.

“Este ano foi muito desafiante e eu acho que 2023 ainda vai ser mais desafiante devido à continuação da inflação e provavelmente na contração do mercado. Vamos ver como vai ser, mas acredito que vai ser mesmo desafiante”, salientou Mário Monteiro.

A aposta no enoturismo também se tem intensificado e, anualmente, visitam esta adega cerca de 25 mil pessoas, muitas delas provenientes dos Estados Unidos da América, Reino Unido e França.

A cooperativa tem à volta de 580 associados e 45 funcionários a tempo inteiro.

“A adega de Favaios vai fazer 70 anos e estamos a trabalhar para que possa fazer ainda mais 70 no mínimo. Temos um grupo de trabalhadores altamente qualificados, que vestem a camisola, são profissionais e, paralelamente, temos boas uvas e isso é o resultado do trabalho dos nossos agricultores”, frisou.

No sábado, a festa de aniversário faz-se com um almoço convívio, a inauguração de uma placa com o nome dos fundadores da cooperativa e ainda com o lançamento do livro “Favaios História e Património”, da autoria do historiador Gaspar Martins Pereira.



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