Alunos da Escola Básica e Secundária de Carrazeda de Ansiães criaram duas miniempresas: a 100%SA, para sensibilizar os jovens para os perigos do consumo de álcool, e a CRZ Innovation, para diversificar a comercialização de maçã.

Ambas são fruto da adesão ao projecto da Fundação EDP \"Aprender e Apreender\" e que através do programa \"Junior Achievement\" estão a ser desenvolvidos por estudantes do 12º ano. O 100%SA (Sem Álcool), por oito alunas do Curso de Humanidades e Línguas e por dez alunos do Curso de Ciências e Tecnologias; o CRZ Innovation, pelo Curso Profissional Técnico de Informática e Gestão.

O projecto 100%SA foi uma das seis escolhidas em Portugal entre 152 para participar numa feira internacional, em Lisboa. Ana Cruz, membro daquela miniempresa, salienta que o objectivo é a \"prevenção do alcoolismo\", problemática que diz ser \"comum a todo o interior do país\", nomeadamente nas regiões vinhateiras em que o álcool está mais à mão. \"Através de palestras, jogos e teatro queremos sensibilizar os jovens para o problema\".

Chegar a outros distritos

A sensibilização vai passar pelas escolas do distrito de Bragança e depois poderá avançar para outros. Ana Cruz sabe que não vai resolver todos os problemas, \"mas poderá ajudar\". Até porque \"a mensagem passará melhor entre colegas\". No caso de Carrazeda de Ansiães, a aluna assume que o alcoolismo é uma problemática do concelho e é sobre eles que a mini-empresa pretende incidir.

Paulo Almeida, da CRZ Innovation, sublinha que Carrazeda \"precisa de inovação para vender os seus produtos\". O trabalho vai centrar-se, para já, na maçã, uma das três principais bases económicas do concelho. As outras são o vinho e o azeite. \"Queremos comercializar maçã lavada e cortada, pronta a ser servida e comida\".

Maçã em máquinas

Os primeiros alvos serão empresas diversas e as máquinas de vending. \"Ao chegar a uma máquina, se a pessoa vir lá uma maçã é capaz de a preferir em detrimento de um chocolate\".

Os 16 alunos do CRZ Innovation acreditam que será viável e que lhes permitirá criar o seu emprego na terra onde nasceram. Mas para já ainda estão a analisar a forma como o irão implementar, a contactar os produtores e à procura de alguém que queira comercializar o produto. A coordenadora dos dois grupos, a professora Alice Costa, ensinou os alunos a serem empreendedores. Entende que os jovens do CRZ são quem mais poderá beneficiar no imediato da sua capacidade de empreender, pois o curso que vão acabar dentro algumas semanas deixa-os aptos a entrar no mercado de trabalho.

O presidente do Agrupamento de Escolas, Jerónimo Pereira, realça o facto de estes alunos \"estarem já tão preocupados com o seu futuro\", enquanto o presidente da Câmara, José Luís Correia, espera que alguns deles possam vir a \"contribuir para o desenvolvimento económico do concelho\".

Frederico Lucas acompanhou o nascimento destes dois projectos como empresário voluntário, levando a sua experiência de mercado para dentro da sala de aula. Admite que ficou surpreendido. \"Pensava que iria ser difícil, num meio rural, transmitir conceitos na área da competitividade económica\". Puro engano. \"Afinal, temos aqui no interior do país alunos tanto ou mais talentosos do que os que vivem em Lisboa\".



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Salomão Fernande

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