A decisão de como realojar os desalojados devido à barragem de Daivões, Ribeira de Pena, foi adiada para 18 de novembro, porque a reunião que decorreu esta tarde entre a Iberdrola e a autarquia foi “inconclusiva”.
"A reunião foi muito inconclusiva, por isso, os trabalhos vão continuar apenas daqui a um mês e quatro dias", afirmou hoje o presidente da Câmara de Ribeira de Pena, no distrito de Vila Real.
O autarca falava à agência Lusa após a reunião com a elétrica espanhola Iberdrola, que decorreu nas instalações da Agência Portuguesa do Ambiente, no Porto, e que tinha como objetivo discutir o processo de realojamento das pessoas que vão ficar sem casa devido à barragem de Daivões, uma das três barragens que integra o Sistema Eletroprodutor do Tâmega.
Segundo a autarquia, são 49 as casas afetadas neste concelho, estando até ao momento identificadas sete famílias sem solução de alojamento a breve prazo.
Para resolver esta questão, a Iberdrola está a proceder à colocação de casas prefabricadas em terrenos cedidos pela autarquia, tendo adiantado, quando questionada há uns meses pela Lusa, que os proprietários teriam de "abandonar as habitações até finais de 2019, no caso das que estão afetas à barragem de Daivões".
A avaliação feita às propriedades aponta, em alguns casos, para um valor de "60 ou 70 mil euros", dinheiro que a autarquia considera "não ser suficiente" para as famílias construírem uma nova casa.
Por isso mesmo, a autarquia reivindica que seja a elétrica espanhola a "suportar o diferencial" e aponta que esta reivindicação tem "enquadramento na medida 29 que contempla uma verba de 4,4 milhões de euros no âmbito das compensações - sócio económico cultural".
Além do realojamento, em discussão estava também a repavimentação de estradas que foram destruídas devido à passagem de veículos pesados, a questão das estações de tratamento de água residuais e a ponte rodoviária da Estrada Municipal 312 que terá de ser substituída.
Nesta matéria, a autarquia pretende que, durante a concessão dos 65 anos, a elétrica espanhola assuma responsabilidade pela manutenção dessas infraestruturas.
Até ao momento, a Lusa ainda não obteve nenhuma resposta da Iberdrola.
Segundo o autarca, continuação da reunião foi reagendada para o dia 18 de novembro, durante a manhã, na Câmara de Ribeira de Pena.
O Sistema Eletroprodutor do Tâmega é um dos maiores projetos hidroelétricos realizados na Europa nos últimos 25 anos, contemplando a construção de três barragens (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) e um investimento de 1.500 milhões de euros.
O complexo contará com uma potência instalada de 1.158 megawatts (MW), alcançando uma produção anual de 1.760 gigawatts hora (GWh), ou seja, 6% do consumo elétrico do país.
A construção deste complexo hidroelétrico faz parte do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico.