Transmontanos, centristas e amizades de longa data reuniram-se para celebrar Adriano Moreira no dia do seu 100.º aniversário e recordar um homem que viveu a ditadura, a alvorada da democracia e hoje recebeu a “grã-cruz da longa vida”.
Ministro do Ultramar durante o Estado Novo, presidente do CDS ainda era a democracia recém-nascida, antigo conselheiro de Estado, professor universitário, intelectual das relações internacionais e estadista. Adriano Moreira é isto tudo na opinião daqueles que com ele privaram ao longo de 100 anos e que estiveram durante a manhã no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, para homenagear o político com maior longevidade na história de Portugal democrático.
O SARS-CoV-2 'apanhou-o' há pouco mais de um mês, por isso, Adriano Moreira não pôde estar presente na cerimónia, mas apareceu por videoconferência, a partir de casa, acompanhado pela mulher Isabel Mayer.
No momento em que apareceu nas imagens projetadas na tela, a plateia levantou-se e aplaudiu-o. Isabel Moreira, filha e deputada socialista, emocionou-se perante o 'mar de aplausos' que o pai recebeu e foi confortada pelo presidente do CDS-PP, Nuno Melo, que ocupava o lugar ao seu lado na mesa.
A leitura da biografia de um homem “com um percurso político invejável” - nas palavras de Benjamim Rodrigues, presidente do município de Macedo de Cavaleiros - foi tripartida e acompanhada por citações do próprio.
“O povo está a suportar uma enorme fadiga fiscal”, “a fome não é um dever constitucional e não perceber isso pode causar turbulência” e “não envelhece quem envelhece ao nosso lado” foram algumas das expressões utilizadas ao longo dos 100 anos de vida de Adriano Moreira, que tem inclusive uma outra que a plateia achou adequada à realidade política atual: “Uma maioria absoluta pode abrir caminho a um presidencialismo do primeiro-ministro.”
No auditório estavam familiares, a antiga secretária de Estados das Comunidades Portuguesas Berta Nunes, e também o bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão, entre outros.
O histórico dirigente centrista José Ribeiro e Castro subiu a palco e disse que não é possível “esquecer o muito que lhe é devido[a Adriano Moreira] pela dedicação” que teve para com o país.
Ribeiro e Castro recordou que ao longo da sua vida Adriano Moreira “foi muito condecorado”. Em junho foi agraciado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem de Camões.
Mas hoje, prosseguiu, recebeu uma distinção ainda maior: “A grã-cruz da longa vida”.
Mais tarde chegou a vez de Nuno Melo, o mais recente na linha de sucessores de Adriano Moreira na liderança do CDS, elogiar “um português no superlativo” e que representava “o melhor de Portugal em tempos diferentes”.
“É para o CDS hoje uma referência maior, quando outros quiseram desistir, Adriano Moreira nunca desistiu […] inspirados por si, numa obrigação que é de todos, insistiremos sempre e nunca desistiremos”, referiu o eurodeputado centrista.
E acabou com uma promessa: “tentarei, todos os dias [enquanto presidente do partido], saber honrá-lo.”
O presidente da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, Hirondino Isaías, galardoou Adriano Moreira com o título de membro honorário e até aproveitou para fazer uma piada: “Sempre pagou a quotas, a partir dos 100 anos não paga mais!”
O discurso final ficou a cargo de Isabel Moreira que, emocionada, falou com “orgulho inteiro” do pai e de “uma caminhada que vai em 100 anos” com um “evidente papel na História”.
Isabel Moreira recordou algo que o pai lhe dizia e que reteve: “Só acontecemos uma vez na História da Humanidade, enquanto andamos cá devemos fazer alguma coisa.”
Adriano Moreira, por videoconferência, escutou-a visivelmente emocionado, lábios trémulos e felicidade no rosto.
Depois destas palavras, a plateia levantou-se novamente e aplaudiu-o mais uma vez.
Fotografia: Bruno Taveira (Diário de Trás-os-Montes)
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