Advogados e enfermeiros portugueses têm chegado ao Luxemburgo à procura de emprego e regressado sem encontrar trabalho, alertou hoje o responsável da capelania portuguesa no país, recordando que o desemprego já afecta 15 mil pessoas no país.
«A emigração [portuguesa] continua a chegar e é uma emigração de pessoas especializadas», disse Remildo Boldori, que falava à Lusa em Lisboa, à margem das comemorações dos 50 anos da Obra Católica Portuguesa das Migrações.
Sem adiantar números, que diz nem a agência luxemburguesa de estatística deter, o responsável assegura conhecer casos de juristas, advogados, sociólogos, psicólogos e enfermeiros que continuam a chegar ao Luxemburgo à procura de trabalho.
“Temos casos concretos. Ainda esta semana houve um português a quem a Caritas pagou a viagem de autocarro de regresso a Portugal”.
Na maioria dos casos, os portugueses “ficam uma semana ou duas e quando não encontram trabalho voltam”, disse, admitindo que alguns encontram trabalho, mas em trabalhos pouco qualificados, como no sector das limpezas.
“É um desperdício. Partem de um país que poderiam ajudar a desenvolver e põem os seus talentos em trabalhos destes”, lamentou.
O sacerdote apelou aos candidatos à emigração que se informem antes de partirem, já que, no caso do Luxemburgo, é preciso falarem francês, alemão ou luxemburguês, assim como terem uma promessa de trabalho e um lugar para morar.
Além disso, sublinhou, quando há lugares disponíveis, as empresas procuram colocar as pessoas que já estão no país. “Um novo inscrito, que acaba de chegar ao país e se inscreve no centro de emprego, é sempre o último”, disse.
Já em França, o problema não é tanto o emprego, que para os portugueses sempre vai aparecendo, mas sim o alojamento, disse o responsável da capelania portuguesa, Geraldo Finatto.
“Os portugueses chegam e facilmente encontram trabalho. (...) A dificuldade agora é o alojamento. Alguns portugueses vivem muito mal”, disse.
Afirmando que a maioria dos portugueses, quando chega a França, encontra o apoio de familiares ou amigos, o padre admitiu que “há gente a viver em baixo de pontes”.