Os associados da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) estão disponíveis para adquirir vinhos para colocação em reserva "na condição" de serem mobilizados os saldos cativos do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto.

A AEVP anunciou hoje, em comunicado, um conjunto de medidas que visam minimizar a crise provocada pela pandemia covid-19 na Região Demarcada do Douro (RDD) e nos vinhos do Douro e do Porto.

Para a AEVP, o “montante de 10 milhões de euros, de dinheiro europeu, anunciado pelo Governo para apoio ao setor vitivinícola nacional, é manifestamente insuficiente para acudir aos graves problemas do setor”.

“É necessário que o Estado português se comprometa a defender a viticultura nacional”, sublinhou a associação.

As vendas de vinho caíram por causa da pandemia e arrastadas pela paragem do turismo, da restauração e hotelaria e pelo fecho dos mercados internacionais e, na região, os viticultores temem a quebra do benefício na próxima vindima.

O benefício é a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto e representa uma importante fonte de receita para os durienses. Em 2019, foram beneficiadas 108.000 pipas (550 litros cada) de mosto, menos 8.000 do que no ano anterior.

Com objetivo de minimizar a quebra na fixação do benefício, a AEVP disse que os seus associados estão “disponíveis para adquirir vinho do Porto para colocação em reserva, na condição de que sejam mobilizados os saldos cativos e transitados do IVDP para o efeito”.

O saldo de gestão do IVDP rondará os 10 milhões de euros.

Assim, apesar das quebras nas vendas, o Douro poderá manter uma produção idêntica à do ano passado, mas o vinho fica guardado e, todos os anos ao longo da próxima década, o conselho interprofissional decide quanto desse vinho pode ser introduzido no mercado. Esta medida é a denominada reserva qualitativa.

A AEVP defendeu ainda o lançamento de um “ambicioso plano de promoção nacional e internacional de vinho do Douro e vinho do Porto, no sentido de reativar o consumo”.

Para a AEVP, verifica-se ainda a “necessidade de majorar a destilação de crise para os vinhos DOC Douro e IG Duriense, que cubra os custos de produção destes vinhos”.

Isto porque, na RDD a viticultura é “de montanha com produções inferiores e custos de produção muito superiores às restantes regiões vitícolas nacionais”.

Estas medidas, segundo a associação, “estão de acordo com o entendimento de princípio defendido pelo conselho interprofissional do IVDP, unindo assim a produção e o comércio na defesa da Região Demarcada do Douro e dos seus vinhos”.

Em maio, o conselho interprofissional aprovou um plano para atenuar os efeitos da crise pandémica, que inclui medidas como a criação de uma reserva qualitativa de vinho do Porto, a destilação de vinhos de mesa, a baixa do IVA intermédio e campanhas de promoção dos vinhos.

O conselho interprofissional é um órgão de representação paritária da produção e do comércio competindo-lhe a gestão das denominações de origem e indicação geográfica da Região Demarcada do Douro.



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