Os presidentes de algumas freguesias de Bragança estão a receber cartas do Centro de Saúde de Santa Maria a comunicar o encerramento de extensões por falta de meios informáticos para a prescrição electrónica.

No ofício, a que Lusa teve acesso, o Centro de Saúde confirma a «suspensão do serviço, em conformidade com orientações da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte)».

A confirmação chegou aos autarcas depois de o médico ter deixado de ir às aldeias e contraria a garantia dada pela ARS-Norte que, numa nota enviada à comunicação social, na segunda-feira, assegurava que «o conselho directivo não emitiu qualquer instrução no sentido de se proceder ao encerramento de qualquer extensão de saúde».

Na mesma nota, a ARS-Norte garantia também que os médicos das extensões de saúde do Nordeste Transmontano sem equipamento informático para a prescrição electrónica podiam continuar a passar receitas de forma manual.

A carta enviada aos presidentes de junta informa que os utentes continuam a ter o serviço disponível, mas no Centro de Saúde, em Bragança, no mesmo horário da aldeia, podendo marcar a consulta através de telefone.

A maioria das cerca de meia centena de extensões de saúde do Nordeste Transmontano não tem equipamento informático para a prescrição electrónica, obrigatória desde 1 de Agosto.

A direcção do Centro de Saúde pede ainda os autarcas que informem a população e afixem um cartaz que junta ao ofício.

«Eles tomam as decisões nos gabinetes e os presidentes de junta é que têm de enfrentar as populações», disse à Lusa o autarca de Babe, Alberto Pais, que já tinha denunciado o encerramento da extensão local.

Para o autarca, «a colaboração dos presidentes de junta devia ter sido pedida antes, para tentar arranjar uma solução às populações».

Os processos clínicos dos doentes ainda estão na sede da junta de freguesia, onde funcionava a extensão de saúde uma vez por mês.

O autarca reiterou não acreditar que a razão para o encerramento seja a das receitas electrónicas, pois já disponibilizou computadores e Internet, mas sim «os cortes e o aproveitamento da actual indefinição directiva devido à possível extinção das ARS e a falta de nomeações para a nova Unidade Local de Saúde».

Alberto Pais adiantou que está a elaborar uma moção contra a medida, com outros autarcas, para levar, dia 30, à Assembleia Municipal de Bragança.

No concelho de Vimioso, o presidente de Argozelo, Francisco Lopes, ameaça com uma manifestação contra a suspensão da extensão local, que «encerrou logo que saiu a lei, no início de Agosto».

As cerca de 1.500 pessoas de Argozelo foram informadas por um aviso afixado na porta, segundo o autarca, que teme que a medida «esteja a pÎr em cheque a saúde das pessoas, principalmente das mais idosas, porque fica mais caro o táxi do que os medicamentos».

Em Izeda, no concelho de Bragança, a presidente da junta, Rosa Pires, vai propor à ARS que os utentes de algumas aldeias vizinhas, como Coelhoso, Vinhas ou Bagueixe, passem a ser atendidos no centro de saúde local por ficarem mais próximas desta vila do que da sede de concelho.



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