Dezassete dos 30 professores que participaram num plenário que hoje decorreu na Escola de São Pedro, Vila Real, votaram contra o entendimento alcançado sábado de madrugada entre a Plataforma Sindical e o Ministério da Educação (ME) e lançaram duras criticas à actuação dos sindicatos.

Talvez por causa do entendimento entre os sindicatos e o ME, foram poucos os professores deste estabelecimento de ensino que aderiram ao Dia D - dia de debate nacional sobre o estado da escola pública.

Esta iniciativa foi agendada pela Plataforma Sindical de Professores aquando da Marcha da Indignação, em Lisboa.

O auditório da São Pedro contou com trinta participantes mas, na hora de votar a moção apresentada pela plataforma sindical, estavam na sala apenas 17.

Estes votaram todos contra o entendimento e lançaram duras criticas à actuação dos sindicatos no processo negocial com a ministra Maria de Lurdes Rodrigues.

Um dos mais acérrimos opositores ao acordo foi o professor Octávio Gonçalves, um dos responsáveis pela criação do movimento espontâneo \"Promova\", que nasceu precisamente nesta escola e se disseminou por todo o país.

O docente abandonou a sala meia hora depois do plenário começar e numa altura em que os delegados sindicais Paulo Figueiredo e Luís Pombo explicavam o teor do Protocolo de Entendimento.

Octávio Rodrigues afirmou-se \"desiludido\" e \"traído\" pelos sindicatos e sustentou que o acordo com o ME apenas serviu para \"legitimar o modelo de avaliação\".

\"Este acordo não representa nenhuma vitória para os professores. Mais não fez do que adiar o problema para Setembro\", referiu.

A discussão entre os sindicalistas e os docentes esteve bastante acesa durante a manhã.

Para o docente José Aníbal, \"mais não se fez do que esvaziar a força dos 100 mil professores que participaram na manifestação de Lisboa\".

Também Manuel Coutinho considerou que se perdeu a oportunidade conquistada com a união dos professores demonstrada na Marcha da Indignação, os quais durante anos estiverem desunidos.

\"Se há alguma vitória ela é inteiramente do Governo. A avaliação não foi suspensa, o que vai acontecer este ano com a avaliação dos contratados iria acontecer com ou sem entendimento\", frisou.

Para Pedro Areias, era \"preferível não se assinar nenhum acordo e cair de pé\".

\"O ministério conseguiu desunir os professores, que se sentem traídos pela actuação dos sindicatos\", frisou este docente.

O dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Norte, Luís Pombo, afirmou que o acordo só é assinado quinta-feira se a maioria dos professores \"concordar\".

Apesar desta garantia, os docentes de Vila Real mostraram-se descrentes.

\"Agora é que estamos de luto\", afirmou Pedro Areias.

O delegado do Sindicato dos Professores do Norte, Paulo Figueiredo, salientou que a Marcha da Indignação \"obrigou\" a ministra da Educação a sentar-se à mesa com os sindicatos e a negociar condições mínimas de estabilidade nas escolas neste terceiro período.

Destacou a \"avaliação do desempenho simplificada e uniformizada\" em todas as escolas e a criação de uma Comissão Paritária, constituída por elementos dos sindicatos e do ME para o acompanhamento e avaliação do modelo de avaliação do desempenho.

No entanto, o docente Pedro Areias referiu que a avaliação do modelo ficou prevista para o final do ano lectivo de 2009, em \"plena campanha eleitoral\", e por isso mesmo considerou que \"nunca será concretizada\".



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