No passado dia 25 de Abril, uma das vacas de Maria de Fátima Fernandes, uma agricultora de Morgade, no concelho de Montalegre, partiu uma perna. Um dia depois, o animal foi visto por um dos veterinários da Organização de Produtores Pecuários de Montalegre, que, de imediato, emitiu a guia necessária para um abate de emergência. No entanto, e para surpresa da agricultora, a vaca só teve ordem para abate no dia seguinte, a 27. Além disso, Maria de Fátima garante que, quando o animal foi morto, a alertaram para o facto de que parte da carne, no-meadamente a da zona envolvente à perna partida, iria ser rejeitada (imprópria para consumo). Mas qual não foi o seu espanto quando, no passado dia 30, um dos carros do Matadouro lhe foi entregar os 163 quilos de carne do dito animal, inclusivamente a parte que antes lhe terão dito que iria ser rejeitada.

\"Antes queria comer pão seco do que comer esta carne\", afirmou indignado ao Semanário TRANSMONTANO o marido de Maria de Fátima, Aurélio Fernandes, apontando para a parte da perna da vaca que tinha sido partida e que se apresentava muito mais ensanguentada e com uma cor diferente da restante.

Com a carne da vaca na carroçaria de uma sua carrinha, Aurélio Fernandes não sabia que destino lhe havia de dar. Por imperativos da legislação em vigor, não a podia enterrar. E como não a achava boa para consumo, também não a venderia a ninguém. No entanto, depois, acabou mesmo por queimá-la e enterrá-la.

Pronunciando-se sobre o caso, o veterinário municipal de Montalegre, Domingos Moura, começou logo por criticar o facto de o animal ter sido abatido um dia depois de ter sido emitido o documento de abate de urgência. \"Esse procedimento contraria toda a legislação sobre bem-estar animal\", frisou, acusando o presidente do matadouro, José Justo, de se comportar como se esse equipamento fosse propriedade sua.

Quanto à carne, que também observou, nomeadamente o membro do animal que foi partido e a zona que o envolvia, Domingos Moura é da opinião de que ela não deveria ter sido entregue ao proprietário. No entanto, acrescenta: \"só o inspector que trabalha no matadouro é que pode explicar como é que mudou tão depressa de opinião em relação à qualidade da carne para consumo\". A mesma explicação pretende obter a agricultora, que já entregou o assunto ao MP.

O Semanário TRANSMONTANO tentou ouvir o responsável pelo matadouro, José Justo, no entanto, apesar de várias tentativas, não foi possível, até ao fecho desta edição, obter um comentário deste responsável.



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