A agricultora Ilda Oliveira, de Fontes, Santa Marta de Penaguião, queixou-se hoje de ter perdido "toda a produção" de vinho e azeitona na tempestade de granizo que caiu sobre o Douro.
"Agora, é mesmo de não saber como vou viver e sustentar um menino com 13 anos que tenho", afirmou hoje a produtora à agência Lusa.
Ilda Oliveira, de 53 anos, referiu que a chuva forte e o granizo que caíram ao final da tarde de quinta-feira, na freguesia de Fontes, no concelho de Santa Marta de Penaguião, distrito de Vila Real, "destruíram" a sua vinha e os olivais.
"Fiquei sem nada, foi tudo embora, nem folha ficou. Foi azeitona, vinho, tudo, ficamos sem nada", frisou esta viticultura, que adiantou que a agricultura é o único rendimento familiar.
Há dois anos, uma enxurrada destruiu também vinha nesta freguesia, arrastando terras e as plantas. Ilda Oliveira disse que contabilizou, na altura, prejuízos na "ordem dos 10 mil euros".
"Ainda nem me refiz de uma coisa e já aparece outra. Um fenómeno destes é assustador. Não sabemos o que vamos fazer daqui para a frente, do que vamos viver, é complicado", salientou.
O presidente da junta de Fontes, Hugo Sequeira, percorreu entre quinta-feira e hoje a sua freguesia, falou com os produtores e, depois, descreveu à Lusa "um cenário de destruição" e em perdas de produção de vinho na ordem dos "80 a 90%".
"Eram pedras do tamanho de cerejas. Caiu granizo durante cerca de 10 minutos mas com muita intensidade", contou o autarca.
Hugo Sequeira referiu que os afetados são agricultores com pequenas vinhas, mas também produtores que vivem única e exclusivamente da vinha.
Os técnicos da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) vão hoje para o terreno fazer um levantamento dos prejuízos causados pelo granizo e chuva intensa.
Há relatos de estragos na agricultura desde as hortícolas de Vila Pouca de Aguiar, vinha em Sabrosa, Alijó, Santa Marta de Penaguião e Mesão Frio, concelhos do distrito de Vila Real, e ainda em pomares de maçãs e vinha de Armamar e Tabuaço, no distrito de Viseu.
Foto: Thomas Egger