Trás-os-Montes e Alto Douro foi uma das primeiras regiões do país em que o modo de produção biológico foi experimentado.

Hoje, a agricultura biológica nesta região ocupa cerca de seis mil hectares, sendo o olival a principal cultura ocupando 51 por cento da área, (3.250 hectares) seguida pelos frutos secos com 19 por cento (1.201 hectares) e pastagem com 14 por cento (911 hectares).

Do total de 50.002 hectares de superfície agrícola nacional cultivada sobre o sistema biológico, 6.259 estão localizados na região transmontana.

A produção biológica em Portugal ainda ocupa uma área muito reduzida, e o olival que é a cultura mais representativa possuindo 19.415 hectares, apenas seis por cento da área de olival plantada pelo sistema agrícola convencional, 330.336 hectares.

Do total de 763 operadores em agricultura biológica existentes no país, 154 pertencem a Trás-os-Montes. O Alentejo é a região que concentra o maior número de operadores, com 391 e possui a maior área de plantação biológica, com 25.406 hectares.

Trás-os-Montes é também a principal região do país a nível de produção biológica de frutos secos e é a segunda na produção olivícola.

António Strecht, engenheiro agrícola e consultor independente em agricultura biológica considera que a região transmontana tem excelentes condições para o incremento do modo de produção biológico, designadamente produção de carne, ovos e seus derivados no Barroso, Planalto Mirandês e Terra Quente. Para além do olival, a vinha e frutos como a maçã, a amêndoa, a noz, o figo e a laranja, na região do Douro.

António Strecht, que falava com o Semanário TRANSMONTANO à margem da IV Semana Agrícola que se realizou na UTAD, referiu que "há pouca gente a comprar produtos biológicos, mas o que é produzido não chega para a procura". Salientando por isso a necessidade de se desenvolver mais este sistema de produção, o que poderá acontecer com apoios dos programas agro-ambientais definidos no III Quadro Comunitário de Apoio.

O que é a agricultura

biológica?

A agricultura biológica é um sistema de produção holístico, baseando-se na interacção entre o solo, as plantas, os animais e os humanos considerados como uma cadeia indissociável, em que cada elo afecta os restantes. Privilegia o uso de boas práticas de gestão da exploração agrícola, em lugar do recurso a factores de produção externos, tendo em conta que os sistemas de produção devem ser adaptados às condições regionais. O que é conseguido através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em detrimento da utilização de materiais sintéticos, produtos químicos como adubos, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos alimentares para animais.

Recorre por isso a práticas como rotações culturais, adubos verdes e luta biológica contra as pragas.

A agricultura biológica visa manter e melhorar a fertilidade do solo a longo prazo, preservando os recursos naturais solo, água e ar e minimizar todas as formas de poluição que possam resultar de práticas agrícolas. E ainda reciclar restos de origem vegetal ou animal de forma a devolver à terra, minimizando deste modo o uso de recursos não-renováveis.

A produção biológica garante aos consumidores a possibilidade de escolherem consumir alimentos sem resíduos de pesticidas de síntese e, consequentemente, melhores para a saúde humana e para o ambiente.

António Strecht garante que a agricultura biológica leva para o solo menos poluentes, e, por isso, afirma ser menos poluente que a convencional. "No entanto, como actividade económica que é, a agricultura é por si mesma contra o ambiente, pois vai modificá-lo. Por isso é necessário saber geri-la da melhor forma", concluiu o engenheiro.



PARTILHAR:

Capela de Ousilhão

PCP critica e demarca-se