A bacia hidrográfica do Douro é a maior da Península Ibérica. Durante muitos anos, Portugal e Espanha viveram de costas voltadas no que respeita à gestão do rio, com claro prejuízo para o nosso país.

Esta terça-feira, começou a ser preparado um plano conjunto de gestão da região hidrográfica, que vai traduzir-se numa programação de actividades para colmatar os problemas em ambos os lados da fronteira. Ficará concluído no final do próximo ano.

As preocupações da recentemente criada Administração da Região Hidrográfica do Norte de Portugal (ARH) recaem nos \"caudais e sua qualidade, bem como nas infra-estruturas que estão planeadas no âmbito do Plano Nacional de Barragens\", notou o presidente da Administração, António Brito. Refere-se às novas barragens de Foz-Tua, Fridão, Padroselos, Gouvães, Daivões e Alto Tâmega, para além do Baixo Sabor.

O responsável entende que os novos aproveitamentos hidro-eléctricos na bacia do Douro \"trazem um conjunto de problemas\", nomeadamente em termos de eutrofização dos rios. A qualidade da água é, de resto, o problema eleito por Adriano Bordalo e Sá, investigador do Instituto de Biociências Médicas Abel Salazar da Universidade do Porto, por dever merecer a maior atenção. \"Ao contrário do que se possa pensar, nem todos os problemas vêm de Espanha, alguns deles são geridos por nós\", destaca.

O docente lembra que \"temos 53% da Península Ibérica a drenar para o território português\", relevando a atenção que deve ser dada ao Douro, \"o rio que mais água transporta para o mar em toda a Península\". Explica que quando o Douro entra em Portugal apresenta-se muito poluído de nitratos e fosfatos provenientes da actividade agrícola, nomeadamente em 500 mil hectares de regadio em Espanha.

O responsável pela Confederación Hidrográfica del Duero, António Gato, admite que a agricultura é a grande responsável pela poluição do rio, tendo-se já declarado como \"zona sensível\" todas as barragens do troço internacional do Douro. Tal vai supor a instalação, nas povoações que vazam os esgotos para o rio, dos \"mais avançados sistemas de tratamento de águas residuais\", sendo que este é reconhecido como o principal problema de eutrofização das albufeiras.

Uma vez em Portugal, a qualidade da água do Douro melhora até Crestuma, mas depois volta a piorar. \"O grande problema continua a ser o dos esgotos urbanos\", frisa Bordalo e Sá. Por seu lado, o investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Rui Cortes debruça-se sobre a erosão das margens, salientando como factores preocupantes \"a utilização de embarcações de maior calado para subir e descer o rio, e as maiores velocidades praticadas\".

Bordalo e Sá não esquece que no Douro vinhateiro também há o problema da instalação das vinhas ao alto, ao invés dos socalcos, o que facilita a \"erosão\" das margens.



PARTILHAR:

De 5 a 7 de Maio

Redução das coimas