As águas do rio Douro galgaram a marginal do Pinhão, em Alijó, e o cais fluvial da Junqueira, no Peso da Régua, durante a madrugada de anteontem,o que colocou de alerta até de manhã os agentes locais e distritais da Protecção Civil. \"Foram águas de Espanha\", era a razão apontada, ontem, pelo comandante interino dos Bombeiros de Peso da Régua, Guilhermino Pereira, para este primeiro aviso de cheia do ano.
Os momentos de maior preocupação viveram-se por volta das duas horas da madrugada, quando a subida inesperada das águas fez com que uma loja de artesanato, um café-bar e o acesso marginal rodoviário, no cais da Régua, fossem alagados. Os bombeiros tiveram de rebocar três viaturas. No cais da Junqueira, um armazém de apoio a actividades náuticas e a zona de lazer foram igualmente afectadas. Segundo Guilhermino Pereira, \"não foi a chuva caída na região que deu origem à inundação\", mas sim águas de Espanha\", referindo-se às fortes chuvas registadas, também, no país vizinho e ao receio permanente das populações com as eventuais descargas das barragens espanholas.
O presidente da Câmara, Nuno Gonçalves, espera que \"a melhoria das condições climatéricas prevista se concretize, porque já choveu mais este mês do que no ano passado todo e os terrenos estão muito saturados\", salienta. As águas do Douro inundaram, também, a marginal do Pinhão, onde, apesar de tudo, alguns proprietários de bares retiraram a tempo os seus haveres. \"Não houve prejuízos de monta, embora toda a noite estivéssemos sempre em alerta\", disse ao JN o presidente da Junta de Freguesia local, Pedro Perry.
Ao fim da tarde de ontem, registava-se já uma descida das águas, recolocando o rio nas suas margens. As ameaças de cheia nas marginais da Régua e do Pinhão são frequentes. Mas, segundo Carlos Silva, comandante distrital de operações e socorro de Vila Real, \"a situação actual tende a normalizar, não havendo, neste momento, nada que nos indique que as descargas das barragens espanholas possam pÎr em perigo a situação em Portugal\".