O ministro do Ambiente afirmou, em Vila Real, que a constituição da empresa Águas Interior Norte, que agrega oito municípios, é “muito importante” para uma maior capacidade de gestão e de investimento neste setor.
João Pedro Matos Fernandes presidiu sexta à constituição da Águas Interior Norte, que vai servir 105 mil habitantes dos municípios de Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio, Sabrosa, Murça e Peso da Régua (distrito de Vila Real), ainda Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta (distrito de Bragança).
“Este projeto é de facto muito importante para a região e não só. É um desafio que foi lançado pelo Governo no sentido de as autarquias se agregarem para gerir as suas redes de abastecimento de água e de recolha e tratamento de efluentes”, afirmou o ministro do Ambiente e Ação Climática.
Segundo Matos Fernandes, “houve 61 municípios que aceitaram este desafio do Governo e estão a ser constituídos nove sistemas”.
“E isso manifestamente vai fazer com que haja aqui uma nova capacidade técnica que vai contribuir para que se reduza a água não faturada, as perdas de água, para que a faturação seja mais rigorosa, para que se equilibrem as contas destes sistemas e para que, também, toda a rede de esgoto possa ter um maior investimento e sofrer menos infiltrações e, dessa forma, contribuir para a qualidade das massas de água”, salientou o ministro.
Para o governante, este projeto “é mesmo importante para que possa haver uma maior capacidade de gestão e de investimento num setor tão sensível como é o setor do abastecimento de água e do tratamento de efluentes, fundamental para garantir que os rios se mantêm despoluídos”.
O presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, aproveitou a ocasião para alertar para aquele que considera ser o “maior perigo para o sucesso da empresa” hoje constituída.
“Refiro-me à relação que esta terá que ter com o seu maior fornecedor, aquele que representa cerca de 50% dos proveitos da nossa empresa. O nome desse fornecedor é a Águas do Norte e sinto que a relação de litigância instalada e de desconfiança, poderá minar um futuro que se adivinha risonho”, afirmou o autarca socialista.
Rui Santos considerou “que “não é compreensível que a posição de dominância e de monopólio das Águas do Norte lhe permitam, por exemplo, avaliar infraestruturas em alta, que pretendem incorporar no seu património, depreciando fortemente o seu valor, tentando ganhar vantagens financeiras à custa das autarquias e, em última análise, dos clientes finais que são os munícipes”.
Por fim, afirmou que, “não sendo possível trabalhar com o atual fornecedor de água em alta (…), poderá a própria empresa agora criada assumir essa gestão e verticalizar o setor para estes primeiros oito municípios e para todos os outros que pretendam vir a tornar-se associados”.
Em resposta a esta preocupação, o ministro do Ambiente convocou de imediato para esta tarde uma reunião entre a nova empresa e a Águas do Norte.
O PCP de Vila Real aproveitou também a cerimónia de hoje para realizar uma “ação de denúncia”, no exterior do edifício do antigo Governo Civil de Vila Real.
O dirigente comunista Filipe Costa afirmou que a “água é um direito e não um negócio” e considerou que a Águas Interior Norte e os moldes em que foi criada, representa “mais um passo mais no processo de privatização do setor da água”.
O responsável chamou ainda a atenção “para o aumento do preço da água”.
“É um facto consumado que isto se verificará até porque há um plano de viabilidade económico da empresa que, a propósito da harmonização das tarifas, refere que há concelhos, nomeadamente Peso da Régua, em que verificará no espaço de cinco anos aumentos de 300% na fatura da água”, salientou.
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