Razões clínicas e de risco para os doentes, em vez de uma opção de poupança, justificou, ontem, o ministro da Saúde, ao falar sobre o previsível encerramento de diversas maternidades no interior do país. Como a questão é melindrosa, a decisão foi adiada para 2005.
No entanto, o JN apurou que, entre outras conclusões, o estudo efectuado pela Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatalidade (CNSMN) prevê o encerramento de quinze serviços de Neonatalidade. \\"Só no Norte do país existem nove hospitais que não cumprem as normas de segurança e as recomendações da Organização Mundial de Saúde\\", sustentou uma fonte médica.
Falando em Fátima, no decorrer do 18.º Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, Luís Filipe Pereira alegou como causa directa para o fecho de alguns serviços hospitalares a existência de poucos partos diários. \\"Quando numa maternidade há apenas um parto por dia pode acontecer um caso difícil e o médico que lá está não tem prática, porque, estatisticamente, só tem casos difíceis de nove em nove meses, ou de um ano\\", observou o ministro.
A radiografia da situação e respectivas conclusões o estudo já foram entregues a Luís Filipe Pereira, mas nada foi decidido. \\"Há uma caracterização, mas não há decisões. O que estamos a tentar fazer é que as pessoas tenham menos riscos e melhores cuidados de saúde. Temos de ter uma atitude de ponderação e equilíbrio\\", lembrou o ministro da Saúde.
Ao certo desconhecem-se as unidades que possam encerrar, mas sabe-se que, entre outras, está em causa a continuidade das maternidades de Santo Tirso, Barcelos, Bragança, Mirandela, Lamego e Guarda.
Apesar do mutismo e da prudência ministerial, o JN apurou, junto de uma fonte, que o ministro \\"está a estudar o dossiê\\" e que na balança estão razões clínicas, mas, também, problemas de acessibilidades.
Para já, o gabinete do ministro da Saúde recusa-se a diantar pormenores sobre o estudo entregue, anteontem, a Luís Filipe Pereira e promete fornecer pormenores no próximo ano.