A Estalagem de Picote foi construída na década de 50 para albergar o "pessoal dirigente" da Hidroeléctrica do Douro (HED), a empresa que na altura tinha em mãos a construção das três barragens do Douro Internacional: Picote, Miranda do Douro e Bemposta. Finda a sua utilidade, o edifício, constituído por dois blocos e 17 quartos, e servido ainda na zona envolvente por uma piscina e campo de ténis, terá sido votado ao isolamento durante muitos anos, que se encarregaram de lhe conferir o aspecto de abandono que hoje apresenta.
Recentemente houve quem tivesse a ideia de transformar aquele espaço num centro de repouso para idosos. A Santa Casa da Misericórdia de Miranda do Douro fez a proposta, em Maio de 2001, à EDP Produção, que actualmente detém a propriedade do edifício, a pensar num contrato de comodato ou direito de superfície como base legal para a sua cedência. Uma cedência que a empresa recusou. A resposta chegou, não por escrito, mas informalmente, a um dos elementos da comissão encarregue do projecto, e alegava, segundo disse ao DTOM o provedor da Santa Casa, Mário Augusto Corredeira, que a empresa estaria a ponderar a utilização futura da estalagem para a realização de eventos como congressos e seminários. A partir daí, a Santa Casa da Misericórdia desistiu, não da ideia, mas da intenção de a desenvolver nesse local, tendo já outros planos.
Entretanto, o presidente da Junta de Freguesia de Picote, José Raimundo Preto, diz estar "atento", mas lamenta que a Junta "não tenha meios próprios para coordenar um projecto destes". Até porque José Preto reconhece que o projecto da Santa Casa "iria favorecer não só a freguesia, mas todo o concelho".
Segundo o gabinete de comunicação da EDP Produção, o edifício da estalagem terá sido recentemente objecto de uma intervenção ao nível da cobertura, para "minimizar o processo de degradação do seu interior". Em relação à sua recuperação integral, o gabinete informou o DTOM do "eventual interesse" do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPA) em classificar "uma vasta zona envolvente à barragem de Picote, que inclui a estalagem", tendo a EDP Produção "vindo a analisar alguns cenários possíveis para a sua utilização". Porém, ainda não há "opções definitivas".