O ex-presidente do ICN e arguido no processo, Carlos Guerra, é suspeito de receber depósitos nas suas contas bancárias de 200 mil euros na altura do licenciamento do «outlet» de Alcochete. Os investigadores do Ministério Público suspeitam de corrupção. Em Setembro, o arguido terá de apresentar os documentos que irão explicar as razões dessas transferências

Carlos Guerra, ex-presidente do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), vai ter de apresentar ao Ministério Público (MP) documentos que expliquem os depósitos de 200 mil euros nas suas contas bancárias, na altura do licenciamento do Freeport, em 2002.

Segundo fonte do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) garantiu ao DN, esse encontro com os procuradores responsáveis, Vítor Magalhães e Paes de Faria, deverá ocorrer já no início de Setembro, antes da data marcada para as eleições legislativas, marcadas para o dia 27 desse mês.

Carlos Guerra foi constituído arguido no processo em Junho deste ano por suspeitas de corrupção por acto ilícito. Recorde-se que Guerra presidiu ao ICN na altura do licenciamento do centro comercial e foi o responsável pelo parecer favorável do estudo de impacto ambiental que viabilizou o outlet, em Março de 2002.

Segundo o semanário Sol explicava na edição de ontem, os investigadores, ao encontrar nas contas bancárias do arguido estes depósitos por numerário e por transferência, pediram explicações ao arguido. Carlos Guerra alegou, num interrogatório que decorreu já em Julho, que esse dinheiro se referia a partilhas antecipadas que o seu sogro foi obrigado a fazer após a falência de uma empresa sua. Paes de Faria e Vítor Magalhães consideraram a justificação frágil e por isso pediram que Carlos Guerra reunisse os documentos necessários que sustentasse a sua tese de defesa. E será isso que o ex-presidente do ICN estará a fazer agora.

Carlos Guerra foi ainda confrontado com movimentos das contas de Manuel Pedro e Capinha Lopes, consultor e arquitecto do outlet , para as suas. Facto que justificou como sendo remunerações antecipa-das dos serviços que viriam a ser mais tarde prestados. Até ao fecho desta edição, o DN tentou contactar com Carlos Guerra, mas sem sucesso.

Este é o único dos sete arguidos do processo que até hoje foi ouvido por um juiz, Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal. Em meados do mês de Junho foi chamado pelos procuradores do Ministério Público e desde logo foi constituído arguido por suspeita do crime de corrupção.

Até agora, foram constituídos arguidos: José Dias Inocêncio, presidente da autarquia de Alcochete, Carlos Guerra, José Manuel Marques, do Ministério do Ambiente, o arquitecto Capinha Lopes, Charles Smith, Manuel Pedro e João Cabral, que aparece ao lado de Charles Smith no DVD que descreve os pagamentos alegadamente corruptos a um homem de confiança de Sócrates.

O processo relativo ao Freeport de Alcochete envolve alegadas suspeitas de corrupção e tráfico de influências no licenciamento, em 2002, quando o actual primeiro-ministro, José Sócrates, era titular da pasta do Ambiente.



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