A confirmação da construção da barragem hidroeléctrica do Baixo Sabor colheu grande entusiasmo junto de autarcas e populações. O desenvolvimento económico que poderá vir a gerar à sua volta é denominador comum, no qual pesará muito um fundo financeiro anual de cerca de 750 mil euros (3% da factura líquida da produção de energia).

O rosto mais visível da luta a favor da barragem, durante uma década, foi o presidente da Câmara de Moncorvo, Aires Ferreira. Um sorriso não é suficiente para deixar a descoberto tudo o que lhe vai na alma, depois da grande conquista.

O também presidente da Associação dos Municípios do Baixo Sabor (Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Torre de Moncorvo) diz que ter a barragem já é \"um benefício tão grande\" que nem precisam de mais compensações. \"Só se é compensado quando há alguma coisa que nos prejudique e a barragem não nos prejudica\".

O autarca, assume, no entanto, que os proprietários das terras inundadas terão de ser indemnizados, porque \"o benefício de todos não se pode fazer com o sacrifício de alguns\".

A ambição de Aires Ferreira e dos seus homólogos da associação é criar à volta da barragem um parque de natureza, à semelhança do que se fez na albufeira do Azibo, em Macedo de Cavaleiros, e que é já um importante pólo de atracção turística, para além de ser um modelo em termos ambientais. De resto, o edil moncorvense tem defendido um circuito de natureza que ligue o Azibo, o Baixo Sabor e os Parques Naturas do Douro Internacional e Montesinho.

Para alcançar o seu objectivo no Sabor, os presidentes de câmara estão a contar com o fundo financeiro que será criado no âmbito da construção da barragem, numa lógica de sustentabilidade da região. Para manter as medidas de carácter ambiental será assegurada uma verba anual de cerca de 750 mil euros por ano, ao longo dos 75 anos de vida estimada para o empreendimento.

A entidade gestora deste fundo vai sentar à mesma mesa os agentes locais, a comunidade científica, Organizações Não Governamentais e a Administração Pública. As medidas de carácter ambiental mais significativas têm a ver com a melhoria das condições de vida para as espécies protegidas, tais como o lobo, aves de rapina e morcegos, entre outros. Nesta matéria, os benefícios para a biodiversidade serão extensíveis a quase toda a área de Trás-os-Montes e Alto Douro e mesmo Beira Alta.

Embora não menospreze esta componente, a criação de emprego é um dos aspectos mais valorizados pelas populações locais. Que o diga António Garcia, que trabalhou 17 dias nas obras da barragem do CÎa, antes de ser suspensa para preservar as gravuras rupestres. \"Nós precisamos é de ter trabalho\", sublinha, escarnecendo dos ambientalistas. \"Por causa de um pássaro ou de uma cobra não faziam a obra? Quem cá vive é que sabe e tem de ter trabalho!\", acentuou.

Moisés Rodrigues vive em Felgar, a localidade que mais terrenos agrícolas vai ter submersos pela albufeira, mas mesmo assim opina que \"os benefícios compensam os prejuízos\" e que algumas propriedades até ficarão \"valorizadas\" por ficarem mais próximas da água.

A propósito de água, o director regional de agricultora do Norte, Carlos Guerra, adiantou que a construção do aproveitamento hidroeléctrico do Baixo Sabor, torna desnecessária a construção de uma barragem para regadio agrícola em Vilar Chão, Alfândega da Fé. \"Com uma reserva tão grande é muito mais interessante fazer a bombagem desde o Sabor\", disse.



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