São centenas os empresários da noite, que há nove meses não obtém qualquer tipo de remuneração. Fecharam portas antes de ser decretado pelo Governo e até agora não sabem quando regressam e em que moldes.

Foi o primeiro dia da greve de fome do Movimento Sobreviver a Pão e Água, que junta empresários da restauração, hotelaria, bares e discotecas. Pedem apoios urgentes ao governo, no manifesto solicitam a isenção do pagamento da TSU até ao final do próximo ano; o layoff para sócios gerentes e o prolongamento de apoio aos trabalhadores independentes, entre outras medidas, mas sem apoios muitos empresários caminham para o abismo.

Alberto Cabral, empresário vilarealense, é um dos fundadores deste movimento que desde ontem (27 de novembro) instalou-se em frente à Assembleia da República. Fechou as portas a 8 de março dos seis estabelecimentos noturnos que gere, e desde daí tem passado os dias em luta, “nós encerramos as casas por nossa responsabilidade, antes do governo decretar o fecho obrigatório, porque não havia grandes condições de estarmos abertos, porque trabalhamos com aglomeração de pessoas, mas nunca pensamos que íamos estar 9 meses a pão e água , 9 meses sem apoio, 9 meses sem uma conversação ou plano, e neste momento está insustentável”, afirma.

Em luta se mantém, para que todos os empresários sejam ouvidos e que cheguem a um acordo com o governo, mas até agora sem efeito, “tem sido na rua, tem sido com este megafone e com esta tarja, estou há seis meses a lutar na rua em 9 manifestações”, comenta.

São 70, o número de empregados que colaboram com o empresário vilarealense, mas sem apoios governamentais torna-se quase impossível pagar ordenados, “temos agora o 13º mês para pagar na próxima semana eu não vou pagar, não consigo, como é que alguém consegue gerir uma empresa assim sem apoios, além das das rendas, dos fornecedores, embora haja moratórias é um acumular de dívida que vamos ter de pagar, e neste momento estamos encurralados, isto está insustentável!”, afirma. 

Habituados a manter a atividade, estes empresários da noite receiam que não voltem a abrir portas e para alguns já se tem revelado decisivo, “quando o governo mandar abrir mais de 50% dos empresários da noite já estão descapitalizados, não há dinheiro para retomar, o dinheiro foi todo gasto em salários para empregados que nós não temos a trabalhar, não estamos na rua a pedir a abertura imediata, sabemos que não estamos em condições de abrir as discotecas devido ao número atual de casos, mas temos de ser apoiados”, conclui.

Texto e Fotos: Bruno Taveira


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