O presidente do município de Murça está \"contra a construção de uma barragem na foz do Rio Tua\", nos limites dos concelhos de Carrazeda de Ansiães e Alijó. João Teixeira argumenta que a albufeira irá submergir a maior parte das vinhas e olivais das localidades de Sobreira e Porrais, que asseguram a subsistência daquelas populações.

Para mostrar o seu descontentamento, está a preparar uma conferência de Imprensa junto ao rio, em que se fará rodear de habitantes das duas aldeias.

Desde que, no passado mês de Dezembro, a Direcção-geral de Energia autorizou a EDP a construir aquele aproveitamento hidroeléctrico, João Teixeira tem-se desdobrado em contactos e reuniões. Diz que quer estar bem informado para \"defender até ao tutano\" os valores patrimoniais das gentes do seu concelho.

Caso o projecto avançe, sustenta, poderá revelar-se \"muito prejudicial em termos sócio-económicos\" para as povoações, já que \"irá arrasar o seu sector produtivo\", onde predomina a vinha e o olival. Refira-se, a propósito, que Porrais e Sobreira foram já bastante afectadas há dois anos, aquando de uma tromba de granizo que destruiu uma boa parte das culturas.

Empresas sem cara

Noutra perspectiva, o edil assume que o empreendimento até poderá trazer proveitos económicos à região, mas \"só se a EDP tratar o assunto com seriedade\". E dispara \"Já deixei de acreditar em muitos homens e nas empresas que não têm cara, como é a EDP, menos acredito\". Daí que defenda que eventuais futuras negociações tenham de decorrer \"com firmeza\" e o acordo \"terá de ficar escrito\".

João Teixeira avisa mesmo que as indemnizações a pagar terão de ser negociadas \"ao metro quadrado e não ao hectare\", como aconteceu no Alentejo aquando da construção da barragem do Alqueva. \"Têm de pagar bem, porque aqui o terreno é de altíssima produtividade\".

Como alternativa à barragem, considera que a EDP deveria optar por construir cinco mini-hídricas naquele curso de água, no sistema de cascata, cujo estudo de impacte ambiental foi aprovado já há cinco anos. \"Teria uma capacidade energética semelhante à da barragem e permitiria poupar a linha-férrea do Tua\", concluiu.



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