As gentes da zona da Lombada, em Bragança, voltam no fim de semana a ceifar o pão à moda antiga num dos mais antigos festivais da região, que alia a tradição à música, divulgou hoje a organização.

O “Lombada- Festival de Música e Tradição” regressa à aldeia de Palácios, entre sexta-feira e domingo, depois de dois anos suspenso devida à pandemia de covid-19, para recriar os antigos trabalhos agrícolas realizados de forma manual e animados pelos sons de gaiteiros e tocadores.

Há mais de 20 anos que Associação Cultural e Ambiental de Palácios, com o apoio do município de Bragança, promove este evento que chama à pequena aldeia curiosos portugueses e espanhóis.

Segundo o presidente da Associação, Raul Tomé, o festival arranca, na sexta-feira, com o fabrico, em fornos tradicionais, do pão que há de alimentar as merendas da cegada manual no dia seguinte, com a recriação de todo o ritual, desde a ceifa, trajes, comida, cantigas e brincadeiras.

O almoço retempera a força para ir até à eira e bater com o malho (instrumento agrícola) até separar o cereal da espiga e obter o grão que há de ser moído e dar a farinha para fabricar o pão.

A recriação deste trabalho agrícola serve, segundo Raul Tomé, “para dar a conhecer à juventude” como se fazia antigamente, antes da mecanização, e para permitir aos mais antigos reviverem e contarem as próprias histórias.

Outro ponto alto do festival é o Encontro de Gaiteiros e Tocadores com as modas de antigamente, danças e o canto que serviam para aliviar o cansaço dos pesados trabalhos agrícolas.

Ao longo do fim de semana, decorrem também em Palácios uma feira de artesanato e produtos da terra e workshops tradicionais, concretamente sobre o fabrico de cestas.

Para esta edição do festival foi também preparado um espetáculo audiovisual, que envolve a população local, sobre o ciclo do pão, com o título o “Espírito do Lugar”.

A aldeia irá ainda receber “Genius Loci”, um dos espetáculos da iniciativa “Programação Cultural em Rede – Somos Património”, que junta os municípios de Bragança, Vila Real, Espinho e Arcos de Valdevez.

Até outubro, estão programados 21 eventos nestes municípios com o propósito de “promover o património cultural, a descentralização cultural e a proximidade com as comunidades locais”.

Foto: Orlando Nascimento



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