A minha neta está a sofrer muito com a ausência do pai. Foi por isso que fez aquilo. Não houve mais nada. Apenas isso\". As palavras, comovidas, foram ditas ao JN por Serafim Lopes, avÎ de A. L., a adolescente de Valpaços que, anteontem, esteve desaparecida durante cerca de cinco horas, em Lavra, Matosinhos.

Ontem, na pequena aldeia de Rio Torto, a cerca de nove quilómetros de Valpaços, onde vive Serafim Lopes e onde A. L. e a irmã gémea foram criadas, os vizinhos destacaram o carácter introvertido das duas raparigas.

A \"fuga\" da adolescente, de 13 anos, ocorreu anteontem, cerca das 17.50 horas, mas Serafim Lopes só ontem, ao final da manhã, soube o que se havia passado.

\"Como ando no campo e o corpo pede descanso, deito-me cedo e nem vejo televisão. Hoje (ontem) de manhã fui cedo para o campo e só agora encostei o tractor. Ia buscar as meninas às onze e meia, almoçavam aqui, iam à catequese e ao fim da tarde eu ia levá-las de novo a casa. Mas um familiar ligou-me a contar o que tinha acontecido \", contou, ao JN, Serafim Lopes.

Detido

O pai de A.L. encontra-se, actualmente, detido no Estabelecimento Prisional de Chaves, uma situação que revolta a adolescente.

\"Ela é muito chegada ao pai e não tem encarado bem a sua prisão. O meu filho tinha um negócio de rações, e o mal dele foi ter começado a vender fiado. As pessoas deixaram de lhe pagar e ele não conseguiu cumprir com os fornecedores. O processo já se arrasta há muitos anos e ele já havia estado detido\", revelou Serafim Lopes.

O filho do nosso interlocutor está detido desde Dezembro do ano passado e aguardará, para o próximo dia 12, a decisão de um recurso que interpÎs.

Ontem à tarde, as jovens foram a Chaves ver o pai, que \"pediu autorização à directora da prisão para uma visita excepcional das filhas\". \"Ele faz muita falta às minhas netas e vai falar com elas para as tranquilizar, pois a família está a passar por momentos difíceis\", referiu Serafim Lopes.

Em Rio Torto, vizinhos e conhecidos da família, que preferiram não se identificar, recordaram, ao JN, que as jovens foram ali criadas e \"eram uma meninas muito caladas\".

\"Cresceram na aldeia e andaram aqui na escolinha. Eram educadas, mas pouco conversadoras. Muito fechadas com elas próprias. O pai era um moço trabalhador, um belo rapaz, sem nada que se lhe apontasse. Mas olhe, temos cinco dedos e nenhum deles é igual e só Deus é perfeito. A gente não sabe o que aconteceu, nem isso interessa. Importante é que a menina está bem\", sublinhou uma vizinha de Serafim Lopes.

Outra moradora recordou os momentos de angústia que se viveram, anteontem, na aldeia. \"Só se sabia que uma estudante de Valpaços havia desaparecido e foi uma aflição medonha. Os telefonemas só pararam quando soubemos que a menina tinha aparecido\".



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